Pelo crime de falar inglês, fui preso pelos Khmers Vermelhos e levado, de corda no pescoço, coxeando e titubeando, para a prisão de Kach Roteh, perto de Battambang. Era apenas o começo. Fui acorrentado com todos os outros prisioneiros, com ferros que me cortavam a pele. Os meus tornozelos ainda conservam as marcas. Torturaram-me repetidamente, durante meses. O meu único alívio era quando desmaiava.
Todas as noites, os guardas irrompiam nas celas e chamavam os nomes de um, dois ou três prisioneiros. Levavam-nos, e não os voltávamos a ver - eram assassinados por ordem dos Khmers Vermelhos. Que eu saiba, sou um dos raríssimos prisioneiros a Ter sobrevivido em Kach Roteh, um verdadeiro campo de tortura e de extermínio. Só sobrevivi graças ao meu jeito para contar as fábulas de Esopo e contos clássicos animalistas khmers aos adolescentes e às crianças que eram os nossos guardas.
Kassie Neu, director do Instituto Cambojano dos direitos Humanos, 20 de Setembro de 1996.
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