Testemunho de Stanislaw Swianiewiz, Sobrevivente do massacre de Katyn.
«Apercebi-me de uma abertura no tecto, pela qual conseguia ver o que se passava lá fora [...]. À nossa frente via-se um terreno coberto de erva [...]. Estava rodeado por um cordão de elementos do NKVD, de baioneta calada.
Era uma experiência nova. Mesmo na frente de batalha, logo depois de termos sido feitos prisioneiros, os forças que nos escoltavam não colocavam as baionetas nas espingardas [...]. Ao local chegou um simples autocarro. Era pequeno, sobretudo se comparado com os autocarros que se vêem habitualmente nas cidades ocidentais. As janelas estavam tapadas com cal. Devia ter capacidade para cerca de trinta passageiros e a entrada fazia-se pela parte de trás do veículo.
Perguntámo-nos porque é que as janelas tinham sido tapadas. Ao recuar, a carrinha aproximou-se o suficiente do vagão vizinho por forma a que os prisioneiros pudessem entrar directamente nela, sem descerem do vagão. Os soldados do NKVD, de baioneta calada, montavam guarda à entrada dos prisioneiros pelos dois lados do veículo [...]. De meia em meia hora a carrinha regressava, para carregar um novo grupo. Em consequência, o local para onde os prisioneiros eram transportados não ficava longe [...].
O coronel do NKVD, um homem muito alto, que me tinha tirado do vagão, estava de pé no centro do local, mãos nos bolsos do capote [...]. Era evidente ser ele a controlar a operação. Mas, em que consistia ela? Devo confessar que ria altura, iluminado por um belo dia de Primavera, a ideia de execuções não me passou sequer pela cabeça [...]».
A l‘ombre de Katyn, Institut Iittéraire, 1976
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