Os «Malgré-Nous»
Um ditado que circulava nos campos é bem demonstrativo da diversidade de origens da população concentracionária: «Se um país não está representado no Gulag, é porque não existe». Também a França teve os seus prisioneiros no Gulag, prisioneiros que a diplomacia não fez grandes esforços para proteger e recuperar.
A Alsácia-Lorena foi anexada, germanizada e inclusivamente nazificada. Muitos dos jovens moselenses e alsacianos, que não tinham o menor desejo de servir sob o uniforme alemão, tentaram escapar a esse «privilégio». Até ao final da guerra, foram feitas 21 mobilizações na Alsácia e 14 no Mosela, num total de 130000 jovens. Enviados na sua maioria, para a frente russa, 22000 «Malgré-Nous» tombaram em combate. Os Soviéticos, informados pela França Livre desta situação peculiar, apelaram à deserção, prometendo o regresso às fileiras da França combatente. Na realidade, e quaisquer que tenham sido as circunstâncias, 23000 alsacianos-lorenos foram feitos prisioneiros. Grande parte deles foi agrupada no campo 188, de Tambov, à guarda do MGB em condições terríveis de sobrevivência:
subalimentação, trabalho forçado nas florestas, alojamentos primitivos, ausência total d cuidados médicos. Os que escaparam destes campos de morte lenta calculam que 14000 dos seus companheiros de cativeiro lá morreram entre 1944 e 1945. Ao cabo de longas negociações, 1500 prisioneiros foram libertados e repatriados para Argel, no Verão de 1944. Se Tambov foi o campo onde esteve internado um maior número de alsacianos-lorenos, outros existiram onde estes últimos estiveram retidos em cativeiro, desenhando assim uma espécie de sub-arquipélago especial para estes franceses que n~o puderam combater pela libertação do seu país.
In O Livro Negro Do Comunismo, 1998, Quetzal Editores
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