Os inimigos prisioneiros
A URSS não tinha ratificado as Convenções Internacionais sobre os prisioneiros de guerra (Genebra, 1929). Em teoria, os prisioneiros estavam protegidos pela convenção, mesmo no caso de o seu país não a Ter assinado. Na URSS, esta disposição não tinha qualquer valor. Vitoriosa, conservava três a quatro milhões de prisioneiros alemães. Entre eles, contavam-se soldados libertados pelas potências ocidentais que, uma vez regressados à zona soviética, tinham sido deportados para a URSS.
Em Março de 1947, Viatcheslav Molotov declarou que um milhão de alemães (exactamente 1003974) tinham sido repatriados, restando ainda 890532 nos campos do seu país. Estes números foram contestados. Em Março de 1950, a URSS declarou que o repatriamento dos prisioneiros estava concluído. No entanto, as organizações humanitárias advertiram de que pelo menos 300000 prisioneiros tinham ficado retidos na URSS, bem como 100000 civis. A 8 de Maio de 1950, o governo Luxemburguês protestou contra o encerramento das operações de repatriamento, uma vez que 2000 cidadãos seus continuavam retidos na Rússia. Destinar-se-ia a ocultação de informações sobre esta questão a esconder a triste verdade sobre o destino destes prisioneiros? Podemos admiti-lo, considerando a mortalidade existente nos campos.
Uma estimativa feita por uma comissão especial (a Comissão Maschke) revelou que um milhão de soldados alemães presos na URSS morreram nos campos. Assim, dos 100000 prisioneiros feitos pelo Exército Vermelho em Estalinegrado, só sobreviveram cerca de 6000.
Ao lado dos Alemães, em Fevereiro de 1947 estavam vivos cerca de 60000 soldados italianos, O governo italiano informou que apenas 12513 destes prisioneiros a Itália até aquela data. É preciso igualmente assinalar que os prisioneiros romenos e húngaros que tinham combatido na frente russa conheceram situações análogas. Em Março de 1954, foram libertados cem voluntários da divisão espanhola «Azul». Esta visão geral não ficaria completa se não referíssemos os 900000 soldados japoneses feitos prisioneiros na Manchúria, em 1945.
In O Livro Negro do Comunismo. 1998, Quetzal Editores
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