O PND-M realizou hoje um simulacro de rendição do presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, há 31 anos no poder, como forma de chamar a atenção para o regime político na Madeira e de comemorar o 25 de Abril.
Quatro viaturas militares incluindo um blindado posicionaram-se à frente da porta de entrada da Quinta Vigia, sede da presidência do Governo Regional, juntamente com os respectivos "militares" (dirigentes do PND-M disfarçados) e exigiram a rendição de Alberto João Jardim à democracia e ao 25 de Abril de 1974.
De megafone na mão e interpretando Salgueiro Maia, o ex-deputado do PND-M, José Manuel Coelho, apelava ao inquilino há 31 anos da Quinta Vigia para se render "às forças democráticas" e ao 25 de Abril.
A "coluna militar" atraiu a curiosidade de muita gente sobretudo de turistas que desciam a Avenida do Infante em direcção à festa da flor, que eram surpreendidos com a oferta de cravos vermelhos, ao mesmo tempo que era entoada músicas de Zeca Afonso, em especial a "Grândola Vila Morena".
Depois de tantos apelos, Alberto João Jardim, interpretado por Eduardo Welsh, acabou por se render à "coluna militar".
"Nós quisemos de certo modo simular aquilo que se passou no dia 25 de Abril - um conjunto de forças blindadas e armadas partiram em direcção ao centro de Lisboa e cercaram o Palácio do Carmo", explicou o deputado do PND-M, Baltasar Gonçalves.
"O que nós fizemos, aqui, na Madeira, foi exactamente isso, trouxemos as nossas forças armadas, um blindado desactivado até à porta da residência oficial do homem mais poderoso da Madeira, que governa a Madeira há 35 anos, o homem que move tudo o que acontece na Região", continuou o deputado.
Baltasar Gonçalves salientou haver coisas que "aconteceram hoje que têm uma mão comprida por detrás", numa alusão à exibição de bandeiras da FLAMA - Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira, pela cidade do Funchal.
"Viemos, aqui, dizer: renda-se senhor presidente, permita que haja na Madeira uma sociedade, alegre, livre, responsável e arejada", concluiu.
Baltasar Gonçalves revelou ainda que esta iniciativa resultava do facto do 25 de Abril não ser solenemente comemorado na Madeira e da recusa do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, ter declinado um pedido do PND-M no sentido de facultar um espaço no parlamento nacional para um debate sobre a situação política na Madeira.
"Estamos, aqui, para mostrar ao presidente da Assembleia da República e a todos os portugueses que vivem no continente que, na Madeira, há gente que não recua perante as dificuldades e que dá a cara por valores da liberdade, da justiça e do direito", salientou.
"Peço às instituições da soberania portuguesa e em especial ao Presidente da República para vir cá e ver aquilo de muito grave, de muito especial e de muito estranho se está a passar na Madeira", disse ainda.
"Queremos que seja implementado na Madeira um verdadeiro regime de liberdade em que as pessoas possam dar a cara pelas ideias em que acreditam sem medo de serem perseguidas, etiquetadas ou, de qualquer maneira, ostracizadas por um poder político forte", finalizou.
"Liberdade", "Direito e Justiça", "Renda-se e festeje o 25 de Abril" e "Abaixo a tirania do insulto" eram as palavras de ordem de alguns cartazes que acompanharam esta iniciativa do PND-M, ou seja, pelo "Movimento Democrático de Libertação da Madeira", como se intitularam os protagonistas do simulacro.
(Com a devida vénia à Agencia Lusa )
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