terça-feira, 30 de outubro de 2012

"Em vez de me insultar vinha cá e trocava ideias" Albuquerque voltou a garantir que o problema da Madeira e do PSD é Jardim



"Não está aqui porque não quer debater ideias", é assim que Miguel Albuquerque interpreta a ausência de Alberto João Jardim de um debate promovido, ontem, pela TSF e pelo DIÁRIO e para o qual foram convidados os dois candidatos à liderança do PSD-M. A poucos dias da eleição (sexta-feira), foram muitos os leitores e ouvintes que participaram, enviando perguntas que deveriam ser debatidas pelos dois e que acabaram por só ter respostas de Albuquerque.
O candidato que se opõe ao único líder que o PSD-M teve desde 1974, denunciou a falta de diálogo num partido que se "aburguesou", perdeu o contacto com o povo e, a manter a actual liderança, "perderá as próximas eleições".
Albuquerque denunciou as "ameaças" aos subscritores da sua candidatura e lamentou que o PSD tenha perdido o seu perfil original. Neste momento, assegura, "não há diálogo nenhum" no partido.
As pressões sobre militantes e a recusa em debater, "porque não tem uma única ideia para a Madeira e para o partido", são interpretadas como "sintomas de insegurança" de Alberto João Jardim. "Em vez de me insultar diariamente no JM, vinha cá e trocava ideias", desafia Albuquerque.
Tal como já afirmara em entrevista ao DIÁRIO, defende uma renegociação imediata do PAEF e aponta como solução possível para a Região - "porque não há milagres" -, uma aposta no turismo que permita duplicar as receitas e transformar o Centro Internacional de Negócios numa aposta para a internacionalização das empresas portuguesas.
O plano em vigor, assegura, "é uma receita para matar o doente".
Durante cerca de duas horas, o candidato à liderança do PSD-M respondeu a várias questões colocadas por ouvintes e leitores (ver destaque) e aproveitou para esclarecer a sua posição sobre áreas como os transportes e o desporto.
No caso dos portos e dos aeroportos, as taxas praticadas são o problema principal e ambas resultam de terem sido feitos investimentos elevados - alguns criticados como os "portinhos" que apareceram por todo o lado - que condicionam qualquer estratégia.
Em relação ao porto do Funchal, continua a defender o prolongamento da Pontinha
No desporto, garante que não é possível manter o nível dos apoios às competições profissionais e defende um estudo profundo sobre a rentabilização de infra-estruturas.
Estratégias estalinistas não assustam
"Estaline pensava que acabando com o homem, acabava com o problema que denunciava. O dr. Alberto João Jardim pensa que o problema sou eu". É assim que Miguel Albuquerque interpreta as ameaças e insultos de que tem sido alvo. Uma estratégia 'estalinista' que não o impressiona. "Ele comigo não tem qualquer hipótese de intimidar", assegura o candidato que promete ter, na sexta-feira, um delegado em cada mesa e, por isso, não teme 'chapeladas' eleitorais.
Confrontado com acusações de que teria participado num 'complot' para retirar a maioria absoluta ao PSD-M, nas últimas eleições, responde com ironia. "Isso é muito bom para um livro policial".
Resposta semelhante quando são recordadas as referências à maçonaria, um dos temas preferidos de Jardim. "É a maçonaria, a trilateral, os ingleses, tudo muito engraçado".
Albuquerque acusa o seu adversário de nervosismo e reconhece que a promessa de provocar eleições regionais se vencer o partido, pode assustar quem tem "cargos", mas não tem dúvidas de que o PSD-M não pode manter-se "mais dois anos a perder simpatia todos os dias".
Sobre as promessas de Jardim, levanta uma questão: "O que é que pretende com a ameaça de blindar os estatutos do PSD-M?".
PERGUNTAS
Os espaços on-line disponibilizados pelo DIÁRIO e pela TSF receberam cerca de 50 perguntas para um debate em que deveriam estar os dois candidatos à liderança do PSD-M. Apenas Albuquerque compareceu, pelo que grande parte das questões, enviadas ao longo das duas horas do programa foram para ele. Apresentamos algumas e o resumo das respostas.
"Porque é que não se dedica ao jazz?" (Sofia Silva) - R: Sou um executante medíocre, embora já tenha tocado em hotéis, em Lisboa, quando estava a estudar.
"Se ganhar [as eleições do PSD-M], como pensa arranjar dinheiro a cada dia 25 para pagar aos funcionários públicos?" (Pedro Martins) - R: Não há soluções milagrosas para os problemas da Região, mas é um facto que é impossível cumprir o plano de ajustamento económico e financeiro, com as condições que foram impostas. É preciso renegociar o PAEF e apostar no crescimento em áreas em que somos competitivos, como o turismo.
"Jaime Ramos apoia a sua candidatura?" (Patrocínio) - R: Não, apoia a candidatura do dr. Alberto João Jardim.
"É a favor, ou contra, um regime de incompatibilidades na Assembleia?" (João Costa) - R: Sou totalmente a favor, embora não concorde com incompatibilidades que não permitam às pessoas terem uma actividade própria e fiquem totalmente dependentes da política.
"Vai acabar com a acumulação de salários e reformas?" (Humberto Freitas) - R: Sim, sem dúvida.
"Se vencer as eleições no PSD-M vai acabar com o subsídio ao Jornal da Madeira?" (Maria da Luz) - R: Há duas vertentes a ter em conta. Primeiro, é do interesse da Região manter o pluralismo na comunicação e os postos de trabalho. Por outro lado, é preciso ter em conta a sustentabilidade financeira e a distorção que o actual modelo introduz no mercado. É insustentável pagar o que se paga hoje, mais de três milhões ao ano.
"Se estivesse a liderar o PSD-M que indicação dava para a votação deste Orçamento de Estado?" (Maria Vieira) - R: Se liderasse o partido, este PAEF já estava renegociado e a questão de votar contra o Orçamento nem se colocava.
"Vai diminuir o 'jackpot' dos partidos?" (Maria da Luz) - R: É insustentável continuar a gastar cinco milhões ao ano, mas temos de ter cuidado no tratamento a dar aos partidos. O financiamento privado leva por maus caminhos.
"Se for expulso do PSD vai alistar-se no CDS?" (David Barcelos) - R: Não posso ser expulso, porque para isso tenho de violar os estatutos do partido. Quem o faz é a candidatura adversária.
Fonte: DN Madeira

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