terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mentir já não é pecado? por Raquel Gonçalves


 O padre do Monte, depois de ler preto no branco o resultado das ordens que deu relativamente à cobertura mediática da cerimónia do passado domingo, quis passar a mensagem de que, afinal, os jornalistas apenas não teriam sido autorizados a entrar na Sacristia. Disse ainda que os jornalistas do DIÁRIO só não se aproximaram do altar porque não quiseram.
Não sei se mentir ainda é pecado, mas sei que esta versão do padre Giselo está longe daquilo que realmente aconteceu.
Os jornalistas do DIÁRIO e os jornalistas de outros órgãos de comunicação social aproximaram-se do altar, estiveram lá durante alguns minutos, mas logo foram convidados a sair desse local por um membro da confraria, que disse estar a cumprir ordens do pároco e que os jornalistas poderiam apenas fazer o seu trabalho no meio do povo ou na rua.
Como no meio do povo era impossível numa igreja a abarrotar de gente, optamos por realizar o trabalho na rua, onde permanecemos durante toda a cerimónia, enquanto o repórter fotográfico do JM se manteve junto ao altar e junto dos políticos que assistiam à missa.
Aliás, pouco antes da cerimónia religiosa ter terminado, o repórter do JM acabaria por sair pela sacristia, sítio que o padre não quer ver transformado em local de conferências de imprensa.
Pelo que atrás foi referido, das duas uma: ou o padre faltou a verdade, ou alguém foi mais papista que o padre no cumprimento das ordens dadas.
No que me diz respeito, não me senti minimamente abalada por não entrar na sacristia, local que, aliás, não faço questão de frequentar. Mas senti que não me tinham sido garantidas condições de trabalho dentro de uma Igreja que se diz do povo, e senti que o tratamento tinha sido diferenciado em benefício de um dos órgãos de comunicação social.
Quanto ao resto, quem estava no local viu perfeitamente o que aconteceu, quem deu as ordens sabe que as deu, e quem é crente sabe, no mínimo, que Deus está vendo.
Fonte: DN Madeira

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