Não sei o que vai acontecer, mas isto no PSD/M está muito animado. Tão animado que não há memória de tempos assim.
O partido da unanimidade e da voz única, de repente saiu do armário não para uma qualquer anormalidade, mas para uma normalidade que não lhe é natural. E é só aqui que reside o espanto e a perplexidade.
Em qualquer partido, a existência de um ou de mais candidatos à liderança é uma salutar prova de liberdade e de democracia. No PSD/M, devia sê-lo também. Contudo, habituado à voz do chefe e curvado sob uma liderança que secou tudo à sua volta e distribuiu, à vez, benesses e castigos aos bem e mal comportados, o partido não sabe como agir quando a normalidade é reposta.
Daí que a livre iniciativa seja entendida como traição, e que a salutar concorrência seja vista como roubo. Mal acostumados a uma espécie de distribuição monárquica dos lugares entre os filhos predilectos, é vê-los numa mal disfarçada guerrilha, com frouxas técnicas e indisfarçados incómodos e amuos.
Para quem está de fora, o cenário é divertido, mas a verdade é que as consequências internas de tantos amores e humores podem ter o efeito de uma autêntica bomba num partido já fragilizado por uma conjuntura externa que nunca lhe foi tão desfavorável.
Urge, por isso, não matar a galinha antes da distribuição dos ovos.
Fonte: DN Madeira
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