quinta-feira, 13 de novembro de 2008
PS acusa Cavaco Silva de inacção face à Madeira
Críticas. Os desentendimentos entre a maioria e Belém avolumam-se. Com a questão do Estatuto dos Açores ainda por resolver, socialistas questionam o que dizem ser a falta de intervenção do Presidente face à suspensão de um deputado na Madeira, por contraponto ao braço-de-ferro com diploma açoriano:
Socialistas pedem "intervenção mais contundente"
O PS não gostou da atitude de Cavaco Silva em relação ao episódio da suspensão do deputado do PND, José Manuel Coelho, na Assembleia Legislativa da Madeira. Os socialistas criticam o que dizem ser a falta de acção do Presidente da República - e fazem o contraponto com a intervenção contundente de Belém em relação ao Estatuto Político-Administrativo dos Açores. Ricardo Rodrigues, vice-presidente da bancada parlamentar da maioria, manifesta incompreensão face à posição assumida pelo chefe do Estado. E questiona se o Presidente da República "deve manter o braço-de-ferro em relação aos Açores e com a Madeira... nada". "Há mais motivos de preocupação com a Madeira do que com os Açores. Em termos de democracia, de Estado de Direito, de normal funcionamento das instituições, é visível para todos os portugueses - e deveria ser também para o Presidente - que há uma situação de normalidade nos Açores", refere o parlamentar. Fazendo uma comparação com a Madeira, onde "aconteceu o que aconteceu aos olhos de todo o País". Ricardo Rodrigues diz mesmo que foi o próprio Cavaco Silva a contribuir para a desvalorização da imagem da Assembleia Legislativa regional quando, em deslocação oficial ao arquipélago, não visitou o hemiciclo madeirense. Um episódio que provocou então enorme polémica, até pelas afirmações do líder do governo regional. Alberto João Jardim defendeu que o chefe do Estado não deveria ir à Assembleia madeirense porque iria ver um "bando de loucos". "Não ter dado importância ao Parlamento da Madeira tem agora como consequência o descontrolo" da situação, sustenta o vice-presidente da bancada do PS. O socialista madeirense Jacinto Serrão, deputado na Assembleia da República, também não poupa críticas: "O que aconteceu foi de tal maneira grave que merecia uma intervenção muito mais contundente do Presidente da República" - ao "mesmo nível ou superior" à usada no caso do Estatuto dos Açores. Uma situação em que, relembra o parlamentar, Cavaco Silva "chegou a fazer uma declaração ao País". Já no episódio da Madeira o "Estado tem dado sinais de fraqueza", critica Jacinto Serrão. Ontem, chegou mesmo a ser ponderada no PS uma reacção oficial a esta questão, mas que acabou por não se concretizar. Após a suspensão do deputado do PND - decidida pela maioria social-democrata um dia depois de José Manuel Coelho ter exibido uma bandeira nazi no parlamento madeirense - a Presidência da República fez saber, através de fonte oficial em declarações à agência Lusa, que Cavaco Silva estava em contacto com o representante da República na Madeira. Na última terça-feira, o chefe do Estado pronunciou-se publicamente sobre o sucedido, afirmando "ter informações" de que o funcionamento da Assembleia Legislativa "tende à normalidade". Questionado sobre se considera normal a decisão de impedir um deputado de entrar no parlamento, Cavaco escusou-se a responder, sustentando que "só há um representante da República na região e são as opiniões dessa pessoa que contam".
SUSETE FRANCISCO
Com a devida vénia: Diário de Notícias
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