"Sá Carneiro deve dar voltas no túmulo", afirma Menezes
Luís Filipe Menezes disse hoje que Sá Carneiro “deve dar voltas no túmulo” por ver o partido que fundou “defender que a democracia devia ser suspensa". “O PSD deve escolher rapidamente uma nova direcção”, reafirmou o ex-líder social-democrata. A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, questionou hoje, a propósito da reforma do sistema de justiça, se “não é bom haver seis meses sem democracia” para “pôr tudo na ordem”. No final de um almoço promovido pela Câmara de Comércio Luso-Americana, Manuela Ferreira Leite demarcou-se da atitude do primeiro-ministro, José Sócrates, que “na tomada de posse anunciou como grande medida reduzir as férias do juiz”. Defendendo a ideia de que não se deve tentar fazer reformas contra as classes profissionais, Manuela Ferreira Leite declarou: “Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia…” - fazendo nessa altura uma pausa e deixando a frase por concluir. “Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se”, observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: “E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia”. “Agora, em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar - porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes, fazer uma reforma da saúde sem os médicos”, completou Manuela Ferreira Leite. Considerando que estas declarações de Ferreira Leite "raiam o absurdo", Menezes considerou-as "particularmente infelizes quando se está a poucos dias da evocação de Sá Carneiro, por ocasião do aniversário da sua morte, a 04 de Dezembro. "Quantas voltas estará a dar no túmulo Sá Carneiro ao ver o seu partido defender que a democracia deve ser suspensa", afirmou Menezes, para quem "o PSD tem de dizer chega, basta". Menezes gostaria ainda de saber a opinião do Presidente da República, Cavaco Silva, que "foi um grande reformador em democracia e não precisou de suspensões de seis meses". Para o ex-líder do PSD, "ser contra o aumento do salário mínimo é uma desqualificação da actual direcção. Mas defender uma opinião como esta põe em causa a imagem do PSD enquanto partido equilibrado". "Não me lembro de algum líder de um partido democrático fazer uma declaração minimamente semelhante a esta em toda a Europa contemporânea," acrescentou Menezes, considerando que tudo isto prova que "aquilo que disse ser um golpe de Estado contra a anterior direcção foi de facto isso mesmo, um golpe de Estado, porque esta liderança é totalmente desqualificada". Por tudo isto, sustentou, "não é possível ao PSD não fazer eleições. Não é possível conviver com isto, com uma direcção política que vive nas nuvens. Ainda por cima num momento em que o PS está tão desgastado e em que seria tão fácil fazer oposição". "Como o engenheiro Sócrates deve estar sorridente", frisou. Menezes referiu ainda que muitos militantes "mostram estar com saudades da anterior direcção", mas recusou-se a pronunciar-se sobre uma eventual recandidatura sua à liderança do partido. “Isso não está em cima da mesa neste momento", frisou. "Estou disposto a dar todos os contributos para o futuro do PSD, mas a liderança poderá passar por outras soluções", acrescentou. MSP. Lusa/Fim
Com a devida vénia Agencia Lusa
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