quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Recordar 14 de Julho de 2014


As eleições no PSD/Madeira estão viciadas. A denúncia é de Miguel de Sousa. O candidato à liderança do PSD dá o exemplo do que aconteceu no encerramento do congresso da ARASD, em que o secretário-geral do partido, Jaime Ramos, entre outras coisas, disse que o processo eleitoral interno não pode ser considerado um “negócio de compra e venda de apoios, nem rampa de lançamento para o poder”.
Miguel de Sousa defende uma separação das águas. “Ser convidado para a cerimónia e depois ser ‘xingado’ é um exagero e marca bem como esta eleição está a ser viciada. Está a ser viciada por uns que não se sabe se vão ser ou não candidatos, mas que andam envolvidos”. Quanto ao processo eleitoral interno, diz que todas as estruturas do partido deviam manter-se “equidistantes e dar liberdade de voto”. O candidato apresenta algumas queixas. Ainda não tem a lista de militantes. “Algumas estruturas do PSD não têm sido correctas, nem actuam como deviam. Eu ainda não sei quem são os militantes, ainda não me foi dado acesso à lista do PSD. Apenas eu, e penso que mais um, é que não temos. É uma luta completamente desigual. Penso que está feita para ser desigual”.
Está tudo mal a vários níveis
Miguel de Sousa diz que não tem uma candidatura mas um programa. E deixa um alerta. A próxima geração pode viver pior do que a actual. “Só uma boa solução pode evitar isso”. Declarações de Miguel de Sousa no programa da TSF ‘Rádio Totobola’, de Acácio Pestana, garantindo que tem ideias para superar a crise. O desemprego, dívida pública, despesismo e carga fiscal são alguns dos grandes problemas de que “ninguém fala. Há apenas folclore”. E há muita coisa a corrigir: “Endireitar a Administração Regional, isto está tudo mal feito, foi gastar dinheiro de forma irresponsável”.
O candidato dá o exemplo do que aconteceu na década de 90 em que foi preciso “andar atrás de todo o mundo para arranjar dinheiro para o aeroporto. Entre a banca e a União Europeia emprestaram-nos os tais 500 milhões de euros que estão a ser pagos através da concessão à ANAM. Entre o dia 1 de Janeiro de 2000 e 31 de Dezembro de 2010 gastamos 15 mil milhões de euros, ou seja, o equivalente a 30 aeroportos. Obviamente estamos a dever 6 mil milhões de euros. Obviamente estamos falidos. Obviamente estamos numa crise. Obviamente ou há solução, e eu tenho-a, ou vamos ter enormes dificuldades”.
As críticas não são de agora
As suas críticas, “ao contrário de outros” não são de agora. Miguel de Sousa tem denunciado nos órgãos do PSD. Ainda há dias foi a questão da Revisão Constitucional. Miguel de Sousa diz que tem os discursos escritos dos congressos do partido. “Agora proíbem a Comunicação Social de entrar, para parecer que toda a gente está de acordo”.
Fica também a farpa a Miguel Albuquerque. “Ele só começou a discordar a partir de 2011. Daí para a frente ninguém gastou dinheiro porque não há. Está a discordar numa situação de penúria, onde não há nada de errado, porque praticamente nada se fez. Não há vícios, não há gastos. O errado está entre 2000-2010, gastámos 15 mil milhões e só tínhamos 9 mil milhões”. 
Sociedades de Desenvolvimento, o mal desta terra
Miguel de Sousa “faz a vénia” a António Guterres que “limpou uma dívida feita para criar infra-estruturas necessárias”. “O pior é o que vem depois. Fomos para as Sociedades de Desenvolvimento (SD) para desorçamentar as despesas. Ou seja, escondeu-se as despesas, tanto que só se encontrou  mil e 500 milhões agora, no meio desta balbúrdia, no tal buraco escondido”. Daí a pergunta: “Como é que podia discordar duma coisa que não sabia? Nem a Judiciária ainda hoje sabe! Fizeram a operação ‘Cuba Libre’, estão lá para dentro e ninguém consegue descobrir e eu é que tinha de saber, de discordar de coisas que ninguém sabe?”. Mas as críticas não se ficam por aqui. “Os projectos das SD, que são o mal desta terra - que hoje em dia estamos a pagar - nunca foram aprovados na ALM, sempre fora dos Orçamentos”.

Têm solução e não as aplicam? É crime!

Sobre as candidaturas de Manuel António Correia e Cunha e Silva, Miguel de Sousa diz que no mínimo deviam demitir-se do governo. “Deviam abdicar porque não podem estar num governo sem seguir o seu presidente. Não é que não tenham legitimidade (em se candidatar), mas estranho muito. Acho que até era uma questão de decoro e de pudor. Seguem fielmente, desde 2000, tudo o que nos conduziu a este buraco e a esta situação de crise enorme, nunca apresentaram nenhuma solução e agora vão se candidatar? Mas com que soluções? Têm soluções mas estão no Governo e não as aplicam? Isto é crime! Eles sabem a solução e estão guardando para quando um dia forem presidentes? Ou então, têm a solução e se não forem eleitos guardam-na para si? Isto não é possível”, conclui.
Faltam jogadores de qualidade nesta equipa de Jardim
O problema do Governo nem é tanto de Jardim. Miguel de Sousa recorda que no ano 2000 houve uma profunda remodelação do Governo Regional. “Mudou o Governo quase todo. Nisto as equipas são muito importantes, não é fruto de uma pessoa só. Se mudámos de uma boa equipa para uma má é natural que os resultados sejam penalizantes. Nem sempre o treinador tem culpa, é preciso ter alguns jogadores de qualidade”.   
Miguel de Sousa também comentou na TSF as críticas do Tribunal de Contas à ALM. “Os dinheiros públicos devem ter demonstração... Os nossos impostos dão dinheiro à Assembleia para cada Grupo Parlamentar e agora não querem dizer onde é que se gastou! Acho isto demais”. Fica um recado para alguns colegas de bancada no parlamento. Há quem se aproveite do cargo. “Há quem tenha influência na escolha de despesas, se vai para estradas, marinas, hospitais ou escolas. Nessa aplicação de dinheiro talvez alguns possam ter tido influência. Mas a responsabilidade é de quem o executa”.

A Madeira precisa de um hospital novo

Sobre as obras no hospital, Miguel de Sousa discorda. A região precisa de uma nova infra-estrutura. “É a maior carência que temos. Colocar dinheiro na Cruz de Carvalho é dificultar a construção de um novo hospital”. Sem querer alarmar, Miguel de Sousa diz que “o hospital está doente, por deficiências estruturais próprias”.
Fonte: DN Madeira

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