quinta-feira, 10 de março de 2016

E o burro sou eu. Por Miguel Alves


É tempo de quaresma
Sei disso, porque oiço dizer.
Para mim, dá-me na mesma…
Sou um mísero católico
Que nem sabe, o que é um acólito.
Dizem que sou praticante
Até pode calhar…
Ou talvez não sou.
Ando aí por andar.
Tenho sido tão pecante
Mas ninguém me confessou…
Verdade seja…
Poderei não ir na igreja
Mas na política também não vou.
Eu não acredito em ninguém
Nem me apetece votar
Para não me identificar
Com os tachos, de alguém
Não sou cara de pau
Mas às vezes fico sisudo
Quando vejo tudo mau
E na política vale tudo
Pobre mundo …
Enganos e desenganos
Pegaram com um Cristo
Que já morreu, há dois mil anos
Visto bem a fundo…
Que poderá acontecer
-O homem já não está cá.
Não se poder defender
Nem au menos, vamos lá
Como é que  vamos saber?..
Há  p´rai  uns intelectuais
Que tudo sabem entender
Arranjaram-lhe dois pais
E o povo sem perceber.
Eu até me sussurro…
Eles erraram demais
E o povo é que é burro.
Perdoai-lhes Senhor,
Para que não andem ao murro
Porque se assim for
Vai tudo para o estupor.
Como naqueles países
Das caricaturas infelizes
Que humilhação…
Não respeitar sentimentos
Seja qual for a religião
Só para tirar proventos!..
Quer-se- queira, quer não
Aqui, na China, ou no Paquistão
Religião, é religião.
Dizem que certo dia,
Sobre o analfabetismo português
Salazar assim respondia
À questão, que o jornalista lhe fez
“É um povo lavrador
Não precisa  mais valor”
Os ventos viraram
Só, que nem tudo virou
As moscas mudaram
Mas,  a trampa ficou
Emerdaram-se e, não foi pouco.
Depois do que aconteceu
Como disse o outro
“O burro sou eu”
Não gosto de falar assim
Mas às vezes dá gosto
Atirar com verdades, enfim…
Quando se acerta no rosto.
Senhor…
Não há raio que parte isto
Por favor…
Deixem o Cristo

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