segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Cuspir no prato onde comeu. por Miguel de Sousa.


O criador quer matar a criatura. Esta é a nova e repetida ofensa do ‘educado, gentil e carismático’ líder do PSD. Acusa todos, os que não lhe dizem ‘ámen’ e não lhe fazem a vénia reverencial, de “cuspirem no prato onde comeram”. Tanto quanto ele. Só pode ser.
É desta forma (a)normalmente ofensiva, que o ainda presidente insulta aqueles a quem pediu sucessivamente para ocuparem os cargos e desempenharem as funções que sabia sozinho não poder assumir. Não porque não se achasse capaz de absorver em si a universalidade dos poderes que o PSD herdou em eleições sucessivas, mas porque precisava a quem responsabilizar pelo mal feito e a quem ter para demitir e substituir: os tontos.
A parceria Jardim/Ramos, dupla que ainda hoje baralha tudo e todos, põe em causa a seriedade de umas eleições que deviam ser livres, correctas e isentas, e que, pelo contrário, vão envergonhar tanto o PSD como os seus responsáveis.
O Dr. Alberto João Jardim devia ser o primeiro a querer sair com honra e pela ‘porta grande’. Deixar o PSD seguir o caminho desejado pelos seus militantes. Liderado por quem livremente escolherem. Recordarem-se com orgulho do líder que levou a Madeira à Autonomia, ao desenvolvimento colectivo e à emancipação individual de cada um de nós. Ser o nosso herói histórico.
Ao invés, não cessa de usar todas as mais indignas e traiçoeiras armas de arremesso para atingir e atropelar os que o ajudaram a fazer História, mas que repudiam estes últimos anos de abusos, atropelos, irresponsabilidade, destruição das finanças públicas e condenação a décadas de sacrifícios que o povo não merece.
Não é verdade que temos mais desemprego e pagamos mais impostos que os outros portugueses? Que temos o custo de vida mais caro em Portugal? É justo? Estamos de castigo? Não se deve à exigência de Jaime Ramos de mais e mais obras para alimentar um sector ávido de adjudicações para manter os ‘vampiros’ das finanças regionais? Não ficou Cunha e Silva com as sociedades de desenvolvimento e, agora, com as obras públicas do governo?

Em paralelo com Albuquerque na Câmara? Perdida a Câmara, resta tentar segurar o governo, através do PSD. A última fuga para que não seja o seu fim.
Jardim está a ser pior com os seus próprios colegas de partido, aqueles que o ajudaram a ser líder, do que com os seus adversários. Está a ser pior com o seu próprio partido, do que com os partidos da oposição. COMO SE O CRIADOR QUISESSE MATAR A CRIATURA!
Jardim e Ramos querem continuar a mandar. Reinar! Para tal dividem tudo muito bem dividido. Muitos candidatos. Quantos mais, melhor. Dois ‘paus mandados’ do governo, não são suficientes. Já foram queimados. Têm muitas culpas no cartório! Manda o Ramos avançar e diz-se surpreendido. Ramos que, em 1993, colocou Miguel Albuquerque na presidência da Câmara do Funchal, em vez de Sérgio Marques. Já lá tem o filho Jaime Filipe com os seus fiéis. E Jardim continua a ser o maior promotor da campanha de Albuquerque. O seu verdadeiro ‘abre latas’. Se ganhar, o Albuquerque que agradeça a Jardim, porque só a ele fica a dever. Uma candidatura esvaziada por falta de substância e intervenção, agora que não tem palco nem piano, e que vai sendo alimentada pela obsessão de Jardim em o ‘eleger’. Vejam nos compêndios de marketing político e leiam Maquiavel. Tenho um exemplar oferecido por Jardim. Posso emprestar. E recordem-se do recente brinde com Madeira Wine. Não há brindes gratuitos.
É a trilogia Jardim / Ramos / Albuquerque que se prepara para continuar o domínio implacável da vida política madeirense. Todos dão ideia de estarem às avessas mas projectam um candidato comum. Se assim foi nos últimos anos, como esperam que seja nos próximos? Um “pratalhão” para “comilões” insaciáveis.
Já se esqueceram das últimas eleições internas? Albuquerque ganhou. Ramos deu chapelada. Albuquerque não protestou. Jardim continuou. E agora...
Como pessoa de quem muito gosto escreveu: cuspir na própria sopa é muito feio, mas cuspir na sopa que se partilha com outros é... nauseabundo.
PS: É preciso explicação para os 21 por cento mais de óbitos no primeiro semestre de 2014 que em igual período de 2013.
Fonte: DN Madeira

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