Presidente nacional do PTP acusa Coelho de estar a trabalhar contra o partido
Amândio Madaleno explica "mudança" de Coelho com o dinheiro que passou a ter.
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É a ruptura entre os dirigentes nacionais do PTP e as pessoas que na Madeira têm dado a cara pelo partido. Amândio Madaleno, acusado por João Paulo Gomes de fazer chantagem para ficar com o dinheiro da subvenção parlamentar, não é meigo na reacção a toda a situação.
O presidente nacional do PTP diz ter sido "burlado" por José Manuel Coelho, uma pessoa em quem confiou. Uma burla que se traduz na mudança, que Madaleno encontra na atitude de Coelho, quando comparado o período em que o conheceu com a actualidade. Madaleno tem uma ideia do que pode ter acontecido, ao dizer que "o dinheiro faz mal às pessoas".
O dirigente nacional diz ter confiado também quando assinou a procuração para Coelho poder apresentar a lista de candidatos em tribunal. Mas não gostou de saber que Coelho havia colocado familiares seus na lista. Uma situação que tem de ser resolvida e, para Madaleno, só há duas hipóteses: ou sai de deputado José Manuel Coelho, ou sai a filha, Raquel.
Nesta e noutras questões, "não podemos exigir aos outros o que não fazemos. O povo não é burro". Amândio Madaleno diz que Coelho está a tomar posições "à Jardim", que criticava Baltazar Aguiar, "por mandar nele, e agora está a fazer pior".
O líder nacional não gosta que Coelho e o grupo parlamentar decidam questões políticas na Madeira sem as discutir com a direcção nacional e sem cumprir um conjunto de promessas que foram feitas. Madaleno dá dois exemplos: discorda da proposta aos madeirenses para não pagarem a água e a luz, porque só prejudica os mais pobres; e os sindicalistas nacionais, com quem Coelho se terá comprometido para a defesa de um conjunto de causas, estão esquecidos.
A direcção nacional não vê diferença entre Coelho e o seu grupo parlamentar e os demais políticos. Ora, defende, os portugueses e os madeirenses "precisam de políticos bem intencionados e honestos, porque dos outros" já existem muitos.
Há um conjunto de causas que Madaleno gostaria de ver defendidas de forma eficaz e dá um exemplo. Sugeriu a Coelho a criação de uma fundação, sem fins lucrativos, que contaria com um contributo de 10% do vencimento de cada deputado, a título de donativo. Serviria, por exemplo, para pagar uma taxa moderadora na saúde a quem não tivesse possibilidades. Coelho recusou peremptoriamente, ao que afirma.
Madaleno também não confia em João Paulo Gomes e pensa que Coelho também não, caso contrário não o teria colocado tão abaixo na lista de candidatos. Com bom senso só encontra José Quintino, que não é militante do PTP, como realça. Aliás, nem a líder parlamentar o é, o que é considerado "uma afronta à direcção" do partido. Outra afronta foi a criação de um número de contribuinte para o grupo parlamentar. Não vale nada, ao que afirma.
Madaleno diz ainda não perceber como pessoas que não integram o PTP, colaboram tão de perto com o grupo parlamentar. Não percebe como não são feitos militantes. Para ser militante do PTP é necessário pagar quotas e a adesão é aceite com a assinatura de Madaleno. O líder nacional diz só lhe terem chegado três inscrições, incluindo a de Coelho (pai) e a de João Paulo Gomes.
O dirigente nacional também não aceita que seja posta em causa a cooptação e lembra que é por essa via que José Manuel Coelho e João Paulo Gomes estão nos órgãos do partido.
Reconhece que deveria haver um Congresso neste mês, mas não sabe se isso vai acontecer.
Questionado sobre como tudo isto vai acabar, responde que não sabe, mas "se calhar ainda vai tudo preso".
Sobre a acusação de estar a fazer chantagem sobre a estrutura regional para ficar com o dinheiro do 'jackpot', Madaleno responde: "Não estou a pedir nenhum dinheiro. Ele está enganado." E esclarece que, pelo contrário, já contribuiu para a Madeira.
Madaleno diz ainda que Coelho "está a esquecer o significado da vassoura" e confirma a possibilidade de o partido vir a ser extinto.
O líder nacional reconhece que tudo o que está a acontecer "é uma vergonha para o partido".
Jardim acusado por Coelho de ser o Kim Jong-il Madeirense
Ontem, no âmbito de uma iniciativa política, José Manuel Coelho comparou Alberto João Jardim aos ex-ditadores "Kim Jong-il, da Coreia do Norte, e Ceausescu, da Roménia", por tal como estes ter apostado em fazer obras megalómanas e faraónicas, enquanto "o seu povo passa fome".
Ontem, no âmbito de uma iniciativa política, José Manuel Coelho comparou Alberto João Jardim aos ex-ditadores "Kim Jong-il, da Coreia do Norte, e Ceausescu, da Roménia", por tal como estes ter apostado em fazer obras megalómanas e faraónicas, enquanto "o seu povo passa fome".
Em causa, os três milhões de euros gastos num projecto de aquacultura no Seixal que "está completamente abandonado". Para o líder do PTP-M, Jardim tal como os ex-ditadores citados, "com essa mania das megalomanias e o culto da personalidade, é o Kim Jong-il madeirense", afirmou.
Acusou ainda "o empresário do regime, Manuel Pinto" de ser cúmplice neste negócio, pois em vez de produzir as cem toneladas anuais de peixe que "até hoje estão por produzir", sustentou, contribuiu foi para o "enorme buraco financeiro" que é a dívida da Região.
"Os ladrões do PPD roubaram, enriqueceram e puseram-se 'ao fresco', e agora os madeirenses é que têm de pagar esta pesada factura", acusou o deputado trabalhista.
Amândio Madaleno "agora não trinca nada"
Coelho reage ao líder nacional: "Sim, ele é quem tem a chave da casa de banho!"
Madaleno disse ter sido "burlado" por José Manuel Coelho. FOTO ARQUIVO
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É o castigo que José Manuel Coelho aplica ao presidente nacional do PTP: "Agora não trinca nada (...). Agora não trinca dinheiro nenhum". A reacção do deputado madeirense surge depois da notícia em que Amândio Madaleno disse ter sido "burlado" por Coelho e afirmava que "o dinheiro faz mal às pessoas".
José Manuel Coelho explica que tinha combinado deslocar-se a Lisboa, na próxima semana, para contratar duas pessoas, indicadas por Amândio Madaleno, para prestarem serviços ao grupo parlamentar e, assim, enviar dinheiro para o PTP nacional. Mas, Madaleno, que "é ignorante" e que apenas "queria o dinheiro" da subvenção parlamentar, falou ao DIÁRIO e, na interpretação de Coelho, disse o que não devia. Como lembra o dirigente madeirense: "Pela boca morre o peixe."
José Manuel Coelho revela o que, em seu entender, agora deve fazer Madaleno: "Vai ter de largar o partido da mão e entregar à gente".
José Manuel Coelho revela o que, em seu entender, agora deve fazer Madaleno: "Vai ter de largar o partido da mão e entregar à gente".
Questionado sobre como é que é possível impor essa solução ao dirigente nacional, tendo em conta que só existem três militantes na Madeira, Coelho lança outra acusação ao dirigente nacional. Afirma que só não existem mais militantes porque Madaleno não quis assinar mais filiações. "Sim, ele é quem tem a chave da casa de banho!".
A afirmação contradiz o que Madaleno disse ao DIÁRIO, que até gostaria que houvesse mais militantes na Madeira, mas que esse trabalho não fora feito e deu o exemplo da líder parlamentar Raquel Coelho, que não é militante.
Coelho diz não esquecer o seu combate, que passa por atacar quem vai pagar impostos fora da Região e cita os grandes grupos empresariais da Madeira.
Amândio Madaleno, pelo contrário, nas palavras do seu vice-presidente Coelho, "é um homem do sistema"
Amândio Madaleno, pelo contrário, nas palavras do seu vice-presidente Coelho, "é um homem do sistema"
Deputados do PTP não reconhecem legitimidade a Amândio Madaleno
Grupo Parlamentar de José Manuel Coelho lança suspeitas sobre o presidente do PTP e desafia-o a marcar eleições internas
Actualizado em 28 de Abril 2012, às 16:50
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O Grupo Parlamentar do Partido Trabalhista Português na Assembleia Legislativa Regional da Madeira, já respondeu à notícia da ruptura do partido, anunciada por Amândio Madaleno, a quem os deputados madeirenses não reconhecem legitimidade para falar na qualidade de presidente da Direcção Nacional do PTP e lançam suspeitas.
“Não existe ruptura dos deputados, militantes e simpatizantes do PTP Madeira com a comissão política nacional do PTP porque esta Direcção Nacional não existe”, reage o Grupo Parlamentar do PTP em comunicado.
“Lamentavelmente já não existe desde há muito tempo, não restando nenhuns membros democraticamente eleitos desde a sua fundação, com a excepção do seu auto-proclamado presidente e fundador Dr. Amandio Cerdeira Madaleno”, observa.
A bancada parlamentar de José Manuel Coelho acusa Amândio Madaleno de não promover congressos e de ter “substituído todos os elementos da direcção por amigos e funcionários que intitula de militantes e dirigentes”. E fê-lo “usando e abusando do sistema de substituição por 'cooptação' que só pode ser utilizado em casos extraordinários até á realização de novas eleições”, critica.
O grupo parlamentar do PTP intensifica o tom das acusações e pede mesmo a intervenção da polícia e do Tribunal Constitucional para investigar a Direcção Nacional do PTP.
“Promove uns, intimida outros, demite aqueles que o confrontam com a realidade e com o seu autoritarismo. Ameaça, chantageia, humilha, ofende todos os que se lhe opõem, usando e abusando da sua inscrição no Tribunal Constitucional como sócio fundador do partido para utilizar a política como um negocio de influencias e de jogos de poder”, lê-se no comunicado.
A única saída é a marcação do congresso nacional para ouvir os militantes e eleger o presidente do PTP, porque a actual direcção está, alega o Grupo Parlamentar de José Manuel Coelho, “desprovida de todos os seus membros eleitos”. Os deputados madeirenses devolvem a “interpelação” a Madaleno e desafiam-no a cumprir a lei e os estatutos, promovendo eleições.
Neste duelo, o PTP Madeira está à vontade. Diz que 90% dos militantes estão na Madeira e o partido no Continente está praticamente inactivo. “O seu fundador apenas tem actividade de advocacia, não se conhecendo qualquer iniciativa política”.
“No PTP apenas possuem legitimidade democrática os deputados eleitos pela Madeira, uma vez que se submeteram a eleições e não são ‘cooptados’”, reage, lembrando o “resultado histórico” alcançado pelo então candidato José Manuel Coelho, com 16 mil votos nas eleições legislativas nacionais de 2011, contrastando com a sucessiva perda de votantes e de representatividade o PTP de Amândio Madaleno.
“Sempre que se candidatou a eleições autárquicas e legislativas nacionais com a sua figura de advogado e de sindicalista, averbou sempre pesadas derrotas afastando o eleitorado”, observa o grupo parlamentar do PTP, que recorda as 8 mil assinaturas alcançadas em 2009 para a fundação do partido, os 4.789 votos nas eleições legislativas nacionais de Julho do mesmo ano e os 732 votos em Lisboa, nas autárquicas.
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