terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O Funcionário Público é preguiçoso?



No momento em que o Governo se prepara para a definição de medidas de redução da despesa do Estado, os funcionários públicos parecem estar em ponto de mira para a extinção de mais postos de trabalhoO secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Luís Marques Guedes, admitiu recentemente essa possibilidade considerando que "A redução tem sempre de ser feita por recurso à saída de pessoas do Estado" desvalorizando o método para a concretização desse objectivo "despedimento, rescisão por mútuo acordo outra coisa qualquer, eu acho que é uma questão de linguagem".


A verdade é que os funcionários públicos tem sido alvo de uma forte abalo nos seus rendimentos com os sucessivos cortes ao que se tem somado uma crescente percepção negativa por parte do sector privado. "Somos tratados como preguiçosos, como se passássemos o dia na pastelaria ou a ver televisão" afirma Laura Pedro, professora residente em Lisboa. "É verdade que por vezes existem alguns abusos ou comportamentos menos profissionais mas é muito injusto generalizar. Antes de ter entrado onde estou trabalhei no privado e vi as mesmas situações".

Um dos frutos da crise tem sido o extremar de posições entre funcionários públicos e trabalhadores no sector privado. Toda a gente consegue relatar um conhecido que lhe contou sobre uma situação que atesta o estado constante de pecado procrastinatório que trabalha para o Estado, mas será verdadeiramente assim?

Falámos com a Sara (nome falso), psicóloga de formação que concluiu entre as 10 melhores do seu ano na Universidade Pública. "Sempre sonhei em fazer psicologia clínica e persegui esse sonho durante 2 anos". Sara trabalhou em estágios não remunerados em várias instituições públicas do SNS e a sua experiência não foi a melhor. "Comecei a minha carreira na área de avaliações de perfil psicológico de pais candidatos para adopção juntamente com duas colegas estagiárias e depressa percebiquem fazia o trabalho todo éramos nós. Idas ao café e almoços de 5 horas por parte das nossas chefias eram a norma, o esforço era o mínimo. Saí ao fim de um ano porque não tolerava mais a injustiça de trabalhar imenso, nem sequer ser paga e ter um péssimo exemplo a seguir".

De seguida trabalhou no Hospital Amadora-Sintra e a experiência não foi diferente. "Tinha uma superior que se sentia indisposta todas as sextas-feiras depois da hora de almoço. Um dia ouvi-a dizer que não lhe apetecia trabalhar e que ia às compras ao Chiado. Depois de cobrir as indiscrições dela não aguentei mais, aquela foi a gota de água. Despi a bata e fui-me embora". 

Sara trabalha actualmente no privado e não hesita "Trabalho tanto como o fazia no público mas a diferença é que todos o fazem...Ah e recebo um salário ao fim do mês" diz sorrindo. "Não deixo de sentir uma profunda tristeza por saber que neste momento estão outras jovens estagiárias como estiveram outras antes de mim a serem exploradas por gente pouco séria que se acomodou porque o sistema público o permitiu e permite. Vendem ilusões de futuro e aprendizagem mas o que fazem apenas é aproveitarem-se do esforço de gente bem mais competente e motivada que elas, é por isso que este país não vai para a frente!"

Qual é a sua opinião? Quem ideia você tem sobre o comportamento do funcionário público?

Fonte: Tenho Valor

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