Já todos estamos mais do que habituados aos “lapsus linguae” do secretário-geral e líder parlamentar do PSD-M. E também à sua torrente de insultos e diário desrespeito pelas mais elementares regras parlamentares, para nem sequer falar da evidente falta de educação. Até aqui quem tiver a maçada de me ler bem pode dizer e com toda a razão que nada de novo acrescento. Mas esta breve recapitulação serve apenas como mote para apontar outra característica de Jaime Ramos. Porventura até injustamente despercebida. Além de tudo o que dele já disse, o homem é também uma fabulosa máquina de eufemismos e tudo isto sem precisar de leituras difíceis como manuais de estilística ou de retórica e muito provavelmente nunca ter lido o Padre António Vieira – esse grande “engenheiro sintáctico” da nossa língua. É obra! Estamos, pois, sem margens para quaisquer dúvidas, diante dum portento. Um verdadeiro e insular colosso da materialização do pensamento em palavras. Nele a pujança da língua sai verdadeiramente cimentada e a pesar tanto quanto os mais de seis mil milhões de euros de dívida de modo a que ninguém possa duvidar do que quer dizer. É aquilo e não passa daquilo mesmo. Ontem na inauguração da remodelação da sede da JSD-M na Rua dos Netos e numa sala que de hoje em diante e para a posteridade tem o seu nome sendo certo que em Política a fama e a posteridade duram o que duram, Jaime Ramos disse mais ou menos isto: a jota tem sido uma máquina de produzir inteligências. E o que quer este nada inocente “tem sido” realmente dizer?! Quereria dizer que no passado sim a jota realmente produzira importantes quadros para o partido mas agora já não atendendo ao que se sabe do actual deputado/presidente e companheiros mais conhecidos por comportamentos típicos de hooligans ingleses em cervejeira digressão pela Europa como bem se viu no ano passado? Provavelmente… Mas o melhor de tudo na inauguração ainda foi o que disse Miguel de Sousa. Lembrou-se do passado e dos seus belos velhos e dedicados tempos de primeiro líder da jota . Esqueceu-se foi de dizer que antes de ser da JSD andara pelo CDS, como se a memória fosse um exercício individual; não o é, porque, por mais que não se queira, há sempre mais alguém que se lembra não só disso como de mais coisas. Ora – e aproveito para relembrar um dos ex-líderes da jota, um dos tais produtos inteligentes, que, embora bom jogador de xadrez, quando escrevia artigos de opinião em vez de escrever ora isto/ora aquilo escrevia “hora isto/hora aquilo” – como estamos em maré de ARMAS e sabendo bem qual é a política do Governo Regional em matéria de transportes marítimos adivinhem lá quem estava no Governo Regional quando os Sousas conseguiram o “monopólio” dos Portos e ainda a ligação para o Porto Santo? Ora bem: adivinharam.
Por Emanuel Bento
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