sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Quem é o culpado – Alberto João Jardim ou os Madeirenses? Por Ilídio Carreira



Há alguns anos que deixei de comer bananas ou de consumir qualquer produto proveniente da Madeira. E prometi a mim mesmo que não poria lá os pés enquanto o povo da Madeira continuasse a eleger Alberto João Jardim para seu governante. Sempre transmiti esta minha convicção aos meus amigos, inclusive os que são Madeirenses na esperança que eles pelo menos reflictam um pouco.

Aos meus amigos de fora de Portugal é difícil explicar que existe um governador de uma ilha Portuguesa que é um absoluto imbecil e que, mesmo assim, a maioria dos habitantes dessa ilha votam nele há mais de trinta anos.

Por um lado é fácil constatar todas as parvoíces que AJJ assinou ao longo destes anos – são muitas – mas por outro é difícil de compilá-las dado o manancial de acções, escritos e vídeos que chegam a ser surreais e até difíceis de crer.

Vou listar abaixo algumas “tristes pérolas” que têm vindo a ser ditas/feitas por AJJ e alguns factos que auxiliam a compreender o todo. (E desde já convido-vos a enriquecer esta colecção de “tesourinhos deprimentes” nos comentários a esta crónica):

1.Foi aplaudido de pé pelos seus colegas no Parlamento da Madeira quando disse que estava a ser «alvo de uma campanha liderada por alguns bastardos, para não ter de lhes chamar filhos da puta»;


2.Disse que Lisboa é dominada pelos lobbies da comunicação social, gay e da droga;


3.Proíbe/censura nos locais directa ou indirectamente ligados ao Governo Regional da Madeira, a assinatura de jornais provenientes de Portugal continental; Tem relações cortadas com o Diário de Notícias da Madeira;


4.Gasta milhões e milhões de euros no jornal (da Madeira) diário onde assina quase diariamente uma página de opinião pessoal;


5.Gasta outros tantos milhões em dois clubes regionais (Nacional: 5 milhões de euros e Marítimo: 6 milhões de euros), respectivamente o 6º e 7º clubes com maior orçamento na liga Portuguesa em 2011/12;

6.Esqueceu facilmente que os Cubanos (como ele chama aos “que não têm a Madeira no coração”) fizeram uma campanha de solidariedade para com a Madeira após o temporal de 2010;


7.Não abdica da acumulação do vencimento como Presidente Regional e da reforma da função pública tal como é lei no Continente desde o início de 2011;


8.Não fez cortes salariais de 15% no seu governo e a si próprio, como fizeram os dirigentes políticos de Portugal Continental, decorrente das medidas de austeridade;


9.Acusa o Tribunal de Contas de hostilidade quando este referiu que «a dívida financeira da Madeira aumentou no ano passado 99,4 milhões de euros. Recomenda-se que a região autónoma tenha atenção ao limite máximo de endividamento.» (como referência recorde-se que a dívida dos Açores baixou 10% em 2010);


10.Faz inaugurações sem conta há 33 anos. São sempre feitas antes das eleições, apesar de a lei eleitoral o proibir;


11.Paga mais salário mínimo aos Madeirenses que o salário mínimo estabelecido em Portugal continental;


12.É responsável por uma dívida actual de seis mil milhões de euros no arquipélago governado por si;


13.Após um desvio financeiro na Madeira que vai custar 277 milhões de euros aos portugueses (leia-se bem: Portugueses e não “Madeirenses” – através da transferência do fundo de pensões da banca para a Seg. Social), a Troika referiu que «são necessárias algumas mudanças de governação na Madeira e mais disciplina nas contas públicas». AJJ comentou que «a derrapagem financeira não é novidade» e que está a «defender o povo madeirense cuja vida estaria a ser parada com as medidas financeiras do anterior governo socialista. Logo não me rendo, resisto, mesmo à custa do aumento da dívida pública»;

AJJ é, para mal dos nossos pecados (e foram grandes, pelos vistos), conselheiro de estado daquele a quem pejorativamente há uns anos, chamava de “Sr. Silva”. Não são as patetices em relação ao nosso actual presidente da república que me incomodam mas sim o facto de um homem destes, com o conjunto de ordinarices e burrices que tem vindo a fazer até agora, seja uma pessoa a escutar quando a maior figura de Estado Portuguesa tem de mandar reunir este conselho político-consultivo.

O medo que os sucessivos representantes do seu partido, e até os de outras cores políticas, têm deste senhor provoca-me também uma azia difícil de suportar. Mas mais triste fico quando sei que o povo Madeirense apoia incondicionalmente esta figura ridícula que faz da falta de ética o seu modo de vida. E o cúmulo é atingido quando, ao perguntar a um Madeirense porque vota nele, me responde: «O Alberto João Jardim tem feito tanto pela nossa Madeira!»

Sei que esta é apenas uma ponta do icebergue no que diz respeito à falta de valores, ética e responsabilidade e ao excesso de
incompetência, de corrupção e desonestidade que define alguns políticos/funcionários públicos portugueses. Mas temos de começar por qualquer lado, e como tal, deixo um pequeno repto:

A quem não pactua com o modus operandi de AJJ ,façam como eu e, em sinal de protesto, até este deixar a governação da Madeira: abstenham-se de consumir produtos da Madeira e não façam desta ilha um destino turístico.

Aos Madeirenses, no dia 9 de Outubro, nas próximas eleições, não esqueçam o que esse homem é (e os que estão no poleiro à volta dele são) e o que tem feito à custa de todos nós. Façam a vossa contribuição para um país mais são.

Quando tal suceder, espero ir até à Madeira para estar com as gentes que abriram os olhos e deixaram de olhar apenas para o próprio umbigo.

Olhem também pela minha barriga – estou farto de bananas da Costa Rica.

Fonte:
Paninhos Frios

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