sábado, 23 de julho de 2011

Ontem fui a Lisboa e vi o futuro



Ontem fui a Lisboa e vi o futuro. Embarcado em Campanhã no Alfa 120, cheguei a Stª Apolónia por volta das 10.45 horas. E, apesar de ateu, dei graças a Deus por não ter caído na tentação de sair na Gare do Oriente quando li no painel informativo do cais do metro que uma avaria estava a interromper a circulação da Linha Vermelha.

Segui na Linha Azul até ao Marquês de Pombal, onde mudei para a Linha Amarela.

Confesso que senti algum desalento quando vi que as escadas rolantes ascendentes estavam avariadas. A mala estava pesada, as minhas pernas e fôlego já não são o que eram - e a estação de metro que serve a sede nacional do PS fica num buraco bem distante da superfície (pior talvez só a Baixa Chiado).

No início da tarde a coisa piorou. Eram 14.30h quando desci ao cais de embarque do metro no Rato e constatei que estava seriamente comprometido o meu objectivo de chegar a horas a uma entrevista marcada para as 15h, junto à Casa da Moeda (metro Saldanha), pois o sistema sonoro e painel electrónico avisavam que, devido a problemas de circulação na Linha Amarela, tínhamos de estar preparados para intervalos superiores a 15 minutos entre a chegada dos comboios.

Finalmente, em StªApolónia, onde apanhei o Alfa 127 das 17 h com destino ao Porto, fiquei a saber através do eficaz sistema informativo do Metro de Lisboa que a partir das 21.30h em todas as linhas os comboios teriam doravante apenas três composições.

O futuro que vi quando ontem fui a Lisboa foi o da lamentável degradação do serviço das empresas públicas de transportes.

O futuro que vi quando ontem fui a Lisboa foi o de que os utentes é que irão sofrer com os inevitáveis cortes nas transferências do Estado para empresas descapitalizadas e mal geridas.

Opassado que nunca percebi foi por que é que teve de vir a troika para finalmente irmos deixar de ser accionistas à força de uma TAP (a única companhia aérea europeia totalmente detida pelo Estado), onde o sindicato dos tripulantes tem lata de reivindicar o aumento de quatro para 12 das viagens de borla a que têm direito por ano, para amigos e familiares - e não aceita o corte de um elemento nas tripulações, apesar de mesmo assim elas ficarem mais numerosas do que as da Iberia.

Portugal não precisa de gente, como os tripulantes da TAP, que apenas sabe olhar para o seu umbigo e faz gala em exibir uma enorme falta de consideração pelos interesses dos passageiros e do país.

Jorge Fiel

Esta crónica foi publicada no JN

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