José Manuel Rodrigues vai correr sozinho, naquele solitário contra-relógio, que habitualmente não admite interferências, mas aceita bajuladores e mendicantes de votos para obtenção de tachos. São esses que estão a protegê-lo, a ajudá-lo abalados pela decepção que é esforçar-se por um só posto e mesmo esse de difícil obtenção.
Sobreviventes até ver, os apaniguados do CDS/PP, tiraram o retrato para a comunicação social no acto da apresentação da lista de candidatos às eleições de 5 de Junho, com o seu amado líder, José Manuel Rodrigues à cabeça. O independente não divulgou os nomes dos candidatos suplentes, destacando em exclusivo José Manuel Rodrigues, um amigo e defensor acérrimo daquele matutino que se esganou em Lisboa por dar à luz uma Lei que extinguisse da cena regional este jornal.
Só ele é que conta. O resto é para fazer número. A vida é assim, mas a história passada não está esquecida, e será aqui relembrada, para que os eleitores votem em consciência nos que realmente defendem os interesses da Madeira e dos madeirenses. Paulo Portas pode visitar a Madeira as vezes que quiser, pode desdobrar-se em hossanas ao seu colega, que alguém se encarregará de fazer o contraditório.
Vejo Portas muito exultante e José Manuel Rodrigues igualmente convencido que isto vai ser um passeio com final feliz. Deus queira que sim, para bem de ambos que estão fartos de ter oportunidades de mediatização, e não convencem ninguém como esperança de fazerem melhor que os que estão de saída. Demagogia e populismo para militantes de meias-tintas. Pode ser que resulte. Mas o mais importante para mim foi o simbolismo assinalado por José Manuel Rodrigues, para que a cerimónia tivesse lugar no Museu da Quinta das Cruzes. Teve mais sorte que outros que se queixam de lhes recusarem o acesso a vários espaços. O homem da direita madeirense teve autorização para usar as instalações do Museu.
José Manuel Rodrigues tem tido uma vida política, tremendamente fácil, e não misturou os ataques que faz ao Governo Regional, com o pedido certamente dirigido ao Secretário Regional da Educação para utilizar aquele belíssimo espaço para anunciar aos madeirenses o seu desejo e sonho de reeleição como deputado de Portugal.
Há tentações de intervenções, estritamente partidárias, que resultam aludindo a simbologias eufemísticas, como foi o caso. Mas a simbologia não conquista votos. A prática política sim. E é isso que vai ser testado até 5 de Junho, mesmo reconhecendo que Paulo Portas desde os tempos quentes do INDEPENDENTE (o verdadeiro de Lisboa) com a ajuda de Miguel Esteves Cardoso, fez um jornalismo de denúncias e de perseguições a políticos que destroçaram “tropas” e sufocaram políticos.
Ele joga bem em qualquer tabuleiro, e é bom ter um aliado continental daquele gabarito a fazer campanha em prol dum madeirense. O talento político de Portas existe, o mediático também, mas pensando melhor, parece existir uma ausência de limites. Claro que é um homem sedutor, acutilante, mas depois das suas aventuras justiceiras no jornalismo, tem vivido momentos escaldantes, que são exactamente o contrário do que tinha exigido aos políticos. Passos Coelho, recusa “paus-de-cabeleira”.
José Manuel Rodrigues apanhou de Paulo Portas uns tiques do lado da especialização na denúncia, sobretudo que provoque escândalos, reais ou fabricados, ou virtuais, pouco importa. Talvez por isso a bandeira do CDS ande sempre a meia haste. Porque há um luto das ideias, das propostas de reformas do sistema, de alterações às leis para que se conquiste mais autonomia. Cabe à opinião pública que conhece a sua personalidade reconhecer-lhe os méritos e os deméritos na altura própria.
Se não fossem políticos como José Manuel Rodrigues, que conseguiu afastar do partido, pessoas bem formadas, experientes em diversas áreas do saber, para gerir à vontade e sem contraditório, aquilo que resta da direita madeirense, se não fossem os supostos escândalos que mediatizou mas não fiabilizou, nem sequer lhes deu uma aparência séria, a imprensa sensacionalista com quem se aliou já tinha desaparecido de cena.
Só que o independente ao fazer o jornalismo que está fazendo, não está a desacreditar-se sozinho, está também a desacreditar os que lhe fornecem notícias a troco de mediatização e todos em conjunto desacreditam e fragilizam a autonomia e a democracia. Usando a mesma táctica de Sócrates, de se antecipar às notícias, queixam-se que não há democracia na Madeira, que não liberdade de imprensa.
José Manuel Rodrigues vai correr sozinho, naquele solitário contra-relógio, que habitualmente não admite interferências, mas aceita bajuladores e mendicantes de votos para obtenção de tachos. São esses que estão a protegê-lo, a ajudá-lo abalados pela decepção que é esforçar-se por um só posto e mesmo esse de difícil obtenção.
São muitas as derrotas que estão inscritas na história. Este ano existe um fenómeno extra, que é o de saber quem vai governar Portugal com um programa feito pela troika, que impõe datas e detalhes de tudo, e que obriga ao cumprimento de regras muito exigentes, com relatórios trimestrais, comprovativos da execução das normas, caso contrário não há dinheiro e o caldo entorna-se. Vamos ver como se comportam os cortesãos e se não existem boicotes dos que foram afastados. Esses não eram pavões! E pela primeira vez Paulo Portas faz-se ao cargo de primeiro-ministro. É obra!
Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira
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