Regime arruaceiro
O plano de permanente guerra civil tem resultado. mas tudo tem o seu fim
Vigora sem pudor a crispação geral superiormente fermentada para sustentar a 'Madeira nova'. Em clima de guerra civil, o regime leva a sua avante. Lucra com as divisões que lhe permitem reinar. Afugenta adversários de valor mas tementes do enxovalho. E preenche a mente do povo com a má-língua, pelejas inúteis entre conterrâneos, agressividade gratuita, diálogo berrado - meia Madeira contra a outra meia.
Os maquinadores do explosivo modelo - chefe, paladinos e arlequins do regime de arruaça - enfadam a sociedade, denigrem a classe política, envergonham social-democratas sinceros.
Ideia formada: quando o agitador viaja, os ânimos serenam cá nas ilhas. De regresso, com gasolina e lenha na bagagem, reactiva o incêndio e torna a sair para, de longe, gozar a luta fratricida. A esta precisa hora, dedos imperiais tangem harpa em Istambul.
O espevitador de conflitos imita a Roma antiga: lança vítimas às feras, na arena, e obriga instituições emblemáticas a digladiarem-se umas contra as outras, sem respeito pelo passado de cada qual - muito menos pelo presente. Génio criativo, inventa intrigas que tornam a guerra inevitável. Vibram então as trombetas declarando o circo aberto. E a clique diverte-se, refastelada na tacharia.
Esta semana, ao abrigo de uma perseguição com 30 convulsivos anos, veio a público novo aviso ao empresariado que anuncia no Diário de Notícias - um dos alvos de sua excelência, o chefe do regime. É o reino da intimidação. Dias antes, o caudilho pressagiara um "bonito funeral" aos autarcas PSD inscritos num evento do 'Correio de Caracas' - logrando influenciá-los a ponto de cancelarem a deslocação em obediência ao excelso capricho. Com uma excepção, Miguel Albuquerque, a quem os ameaços não impressionaram, deduz-se.
Também esta semana, estalou mais um episódio desagradável envolvendo o Marítimo e o Diário de Notícias. Nova página de um diferendo artificial, cinicamente cozinhado no quartel do costume, a lúgubre Quinta das Angústias.
O absolutismo precisa de dominar a religião, a escola, a imprensa e o desporto de massas. E o regime ilhéu nunca engoliu duas fugas à insaciável ambição totalitária: Marítimo e Diário, duas instituições apartidárias, acreditadas entre aquelas a quem a Situação jamais conseguiu comprar a importância, o nome.
O DN, pelo seu lado, resiste a três décadas de ataque sistemático.
O maritimismo defende-se como identidade indissociável da vida madeirense, robustecida por trabalho arriscado e sacrifícios que já levam 100 anos. A colossal vaia em 25 de Maio de 1997, no velho estádio, consagrou o nervo de uma paixão ancestral, aquele fogo que não se apaga por pirraça dos espadachins de feira mais bem pintados.
Estão em causa instituições centenárias, prestigiadas, admiradas por apoiantes e adversários, como acontece com outras dos mesmos ramos de actividade. Eis a necessidade de rasgar o prestígio de uma e de outra, de as abater para que não ensombrem vaidades risíveis.
Em 1997, os maritimistas reagiram categoricamente à tentativa oficial de eliminar o histórico emblema a coberto de uma fusão iconoclasta e fria. Os cépticos perceberam então em que consiste a verdadeira alma verde-rubra quando o perigo ameaça e a hora é de ignorar divergências de percurso para entrar em acção. Vaiado, esmagado sob humilhante derrota, o regime tratou de virar atenções para longe - e para quem, senão o Diário! Um remate 'na passada'. O Diário é que criara uma cabala anti-Marítimo, insinuava a calúnia, desmentida desde logo pelos factos: ressaltara precisamente destas páginas a primeira notícia, aquela que fez desmoronar o nefando plano urdido para aniquilar três clubes de prestígio.
Na desesperada procura de salvatério, o regime 'virava o bico ao prego' e descartava culpas para o DN. Mas, sempre que surgia um ciclo de maus resultados, a boca de suas excelências fugia para a verdade: que o governo gastava dinheiro sem retorno por culpa do Diário, 'coveiro' do clube único e campeão nacional abortado. Obrigado pelas circunstâncias, o desorientado regime tentava virar a opinião pública contra o Diário, acusando-o agora de anular a fusão. Isto é, de salvar os três clubes em perigo. Nos jantares do Marítimo, o discurso voltava à primeira forma. Típico.
Quem obviamente protegeu o Marítimo do sinistro projecto foi o maritimismo, esse fenómeno de mística associativa inexpugnável para certas aves que arribaram aos Barreiros apenas em 1978, quando, por razões adivinháveis, penetraram na 'ralé da bola'. E quem queria sacrificar o Marítimo ao azul-amarelo era a cúpula do sistema. Queria e quer.
A vaia continua na garganta do regime. Os rechinantes bofes de suas excelências exigem vingança capital. Há um plano apurado com requinte. O Diário apanhou com uma trama comercial ilegal e tenebrosa, condenada pelo país.
O Marítimo viu-se invadido no seu âmago por um governo feito accionista de futebol, preparado para se vingar, por dentro, dos 'cadastrados' de 1997. Acto primário, com alvo bem definido, já que ignora outros em condições semelhantes.
Ignóbil cobrança aos reféns do dinheiro público, a que não escapam desporto, jornais, todas as forças vivas, incluindo a Igreja. A teoria do 'ajudei, ajuda-me'. Chantagem assente em situações do foro financeiro, delicadas, impróprias para jogos florais, projectos sérios e ultra-sensíveis lançados com base em reiteradas promessas, e que toda a gente reconhece da responsabilidade dos políticos e não do dirigismo desportivo. Chantagem descarada: as ordens para declaração de guerra entre instituições transmitem-se em público. No caso, o regime quer dupla vingança de uma assentada. Com o maquiavelismo supremo de fingir apoio a uma parte, quando pretende a todos destruir.
Mas, apesar do insistente aranzel intriguista para virar uns contra os outros, nesta fase negra da vida colectiva, a canga será derrotada. A Madeira teve um 'antes'. Quem sabe se em breve não raiará um 'depois', cheio de esplendor.
Fonte: DN-Madeira
O plano de permanente guerra civil tem resultado. mas tudo tem o seu fim
Vigora sem pudor a crispação geral superiormente fermentada para sustentar a 'Madeira nova'. Em clima de guerra civil, o regime leva a sua avante. Lucra com as divisões que lhe permitem reinar. Afugenta adversários de valor mas tementes do enxovalho. E preenche a mente do povo com a má-língua, pelejas inúteis entre conterrâneos, agressividade gratuita, diálogo berrado - meia Madeira contra a outra meia.
Os maquinadores do explosivo modelo - chefe, paladinos e arlequins do regime de arruaça - enfadam a sociedade, denigrem a classe política, envergonham social-democratas sinceros.
Ideia formada: quando o agitador viaja, os ânimos serenam cá nas ilhas. De regresso, com gasolina e lenha na bagagem, reactiva o incêndio e torna a sair para, de longe, gozar a luta fratricida. A esta precisa hora, dedos imperiais tangem harpa em Istambul.
O espevitador de conflitos imita a Roma antiga: lança vítimas às feras, na arena, e obriga instituições emblemáticas a digladiarem-se umas contra as outras, sem respeito pelo passado de cada qual - muito menos pelo presente. Génio criativo, inventa intrigas que tornam a guerra inevitável. Vibram então as trombetas declarando o circo aberto. E a clique diverte-se, refastelada na tacharia.
Esta semana, ao abrigo de uma perseguição com 30 convulsivos anos, veio a público novo aviso ao empresariado que anuncia no Diário de Notícias - um dos alvos de sua excelência, o chefe do regime. É o reino da intimidação. Dias antes, o caudilho pressagiara um "bonito funeral" aos autarcas PSD inscritos num evento do 'Correio de Caracas' - logrando influenciá-los a ponto de cancelarem a deslocação em obediência ao excelso capricho. Com uma excepção, Miguel Albuquerque, a quem os ameaços não impressionaram, deduz-se.
Também esta semana, estalou mais um episódio desagradável envolvendo o Marítimo e o Diário de Notícias. Nova página de um diferendo artificial, cinicamente cozinhado no quartel do costume, a lúgubre Quinta das Angústias.
O absolutismo precisa de dominar a religião, a escola, a imprensa e o desporto de massas. E o regime ilhéu nunca engoliu duas fugas à insaciável ambição totalitária: Marítimo e Diário, duas instituições apartidárias, acreditadas entre aquelas a quem a Situação jamais conseguiu comprar a importância, o nome.
O DN, pelo seu lado, resiste a três décadas de ataque sistemático.
O maritimismo defende-se como identidade indissociável da vida madeirense, robustecida por trabalho arriscado e sacrifícios que já levam 100 anos. A colossal vaia em 25 de Maio de 1997, no velho estádio, consagrou o nervo de uma paixão ancestral, aquele fogo que não se apaga por pirraça dos espadachins de feira mais bem pintados.
Estão em causa instituições centenárias, prestigiadas, admiradas por apoiantes e adversários, como acontece com outras dos mesmos ramos de actividade. Eis a necessidade de rasgar o prestígio de uma e de outra, de as abater para que não ensombrem vaidades risíveis.
Em 1997, os maritimistas reagiram categoricamente à tentativa oficial de eliminar o histórico emblema a coberto de uma fusão iconoclasta e fria. Os cépticos perceberam então em que consiste a verdadeira alma verde-rubra quando o perigo ameaça e a hora é de ignorar divergências de percurso para entrar em acção. Vaiado, esmagado sob humilhante derrota, o regime tratou de virar atenções para longe - e para quem, senão o Diário! Um remate 'na passada'. O Diário é que criara uma cabala anti-Marítimo, insinuava a calúnia, desmentida desde logo pelos factos: ressaltara precisamente destas páginas a primeira notícia, aquela que fez desmoronar o nefando plano urdido para aniquilar três clubes de prestígio.
Na desesperada procura de salvatério, o regime 'virava o bico ao prego' e descartava culpas para o DN. Mas, sempre que surgia um ciclo de maus resultados, a boca de suas excelências fugia para a verdade: que o governo gastava dinheiro sem retorno por culpa do Diário, 'coveiro' do clube único e campeão nacional abortado. Obrigado pelas circunstâncias, o desorientado regime tentava virar a opinião pública contra o Diário, acusando-o agora de anular a fusão. Isto é, de salvar os três clubes em perigo. Nos jantares do Marítimo, o discurso voltava à primeira forma. Típico.
Quem obviamente protegeu o Marítimo do sinistro projecto foi o maritimismo, esse fenómeno de mística associativa inexpugnável para certas aves que arribaram aos Barreiros apenas em 1978, quando, por razões adivinháveis, penetraram na 'ralé da bola'. E quem queria sacrificar o Marítimo ao azul-amarelo era a cúpula do sistema. Queria e quer.
A vaia continua na garganta do regime. Os rechinantes bofes de suas excelências exigem vingança capital. Há um plano apurado com requinte. O Diário apanhou com uma trama comercial ilegal e tenebrosa, condenada pelo país.
O Marítimo viu-se invadido no seu âmago por um governo feito accionista de futebol, preparado para se vingar, por dentro, dos 'cadastrados' de 1997. Acto primário, com alvo bem definido, já que ignora outros em condições semelhantes.
Ignóbil cobrança aos reféns do dinheiro público, a que não escapam desporto, jornais, todas as forças vivas, incluindo a Igreja. A teoria do 'ajudei, ajuda-me'. Chantagem assente em situações do foro financeiro, delicadas, impróprias para jogos florais, projectos sérios e ultra-sensíveis lançados com base em reiteradas promessas, e que toda a gente reconhece da responsabilidade dos políticos e não do dirigismo desportivo. Chantagem descarada: as ordens para declaração de guerra entre instituições transmitem-se em público. No caso, o regime quer dupla vingança de uma assentada. Com o maquiavelismo supremo de fingir apoio a uma parte, quando pretende a todos destruir.
Mas, apesar do insistente aranzel intriguista para virar uns contra os outros, nesta fase negra da vida colectiva, a canga será derrotada. A Madeira teve um 'antes'. Quem sabe se em breve não raiará um 'depois', cheio de esplendor.
Fonte: DN-Madeira
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