Salazar, homem de dois sentidos, cem por cento antagónicos, foi responsável, quer queiramos quer não, por um capítulo importante da História de Portugal. De nada vale escamotear a realidade: com Salazar as finanças do país sanearam-se, a vida dita regrada do Estado permitiu a solidez da moeda, a disciplina e o rigor da administração garantiram o ressurgimento da economia. Como é facilmente perceptível, Salazar divide opiniões e o seu nome aterra, em pleno século XXI, em conversas, debates e demais fóruns de discussão. No momento em que surge Salazar, Portugal era um país fragilizado e em crise, débil e sem solução à vista. Com a chegada do "Salvador da Pátria" o país movimentou-se: abriram-se novas escolas, criaram-se estradas, portos, pontes, erigiram-se todo o tipo de edifícios - tudo para que "os portugueses pudessem tirar o maior partido do seu trabalho e aspirar a uma vida melhor". Contudo esta visão idílica do 'modus operandi' do regime, que fazia de Portugal um país de projecção internacional, abafava uma verdade temerosa: os seus ideais, o espírito de missão incutido no povo português levou-o à miséria, ao desmembramento e ruína de todo um povo. Anos mais tarde, "o redentor de Portugal", que durante trinta longos anos se serviu da obstinação, oportunismo, ousadia, crueldade, desprezo e despotismo sofreu um acidente que viria a mudar o curso da História. Nas palavras de Miguel Torga: "acabou um reinado, uma época". O Homem que odiava sonhadores, por considerar que estes corrompiam a realidade cai sendo, desse modo, afastado de um pedestal que ocupava há anos. Pouco tempo depois o regime - que fez da trilogia "Deus, Pátria e Família" o seu insigne hino - tomba e é dado um importante passo rumo à democratização do país. Mas será que, numa altura em que se celebram os trinta e seis anos do 25 de Abril, nos podemos considerar um país livre? Que o diga José Manuel Coelho, deputado do PND-M, que foi impedido de circular na via pública, mesmo gozando do privilégio de ter um cartão de livre trânsito (uma clara violação ao estatuto do deputado). Podem ler toda a história aqui: Política Pura e Dura. Importa também dizer que o referido deputado, num acto de protesto, aceita vender o seu cartão de depuitado: Aqui e aqui.
«... por um Portugal Livre. 25 de Abril, SEMPRE!»
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