sexta-feira, 23 de abril de 2010

"Há pessoas que já se esqueceram" Raimundo quintal vê "bons sinais" na reconstrução mas também quem não quer corrigir erros














Raimundo Quintal, o geógrafo e investigador que alertou durante muitos anos para o risco de o Funchal e outras localidades da Madeira virem a sofrer um desastre como o de Fevereiro último, tem identificado "bons sinais" nos trabalhos que estão a ser feitos pelos serviços públicos. Mas, avisa, "há pessoas que parece que já se esqueceram". O investigador, que falava ontem aos jornalistas antes de uma conferência que ia proferir na Câmara Municipal do Funchal, deu como exemplo o que se constata na Estrada Luso Brasileira."Uma empresa, que quando construiu parte de um armazém, estrangulou fortemente o Ribeirinho da Pena, insiste em construir ou manter o estrangulamento enquanto os serviços públicos estão a trabalhar, e bem, no alargamento do leito", denunciou, Raimundo Quintal, dizendo que existem outros exemplos. "Isto não pode ser", lamentou, observando que, "a bem ou mal, terá de ser alargado ali o ribeiro". Tanto para estes casos, como os de levar gado para as serras, não pode haver clemência, disse o investigador. A conferência, intitulada 'Os desígnios da água', foi resumida assim pelo próprio: "A água que pode ser mansa; a água que pode ser brava; a água que é fundamental para a nossa vida e a para a vida de todos os seres; a água que só é lembrada quando não existe nas torneiras ou quando mata; a água que é cada vez mais um bem raro e por isso mesmo deve ser muito bem gerido". Antes da conferência decorreu a apresentação do livro "Água: Passaporte para a vida", da autoria de António Castro. O grande objectivo da obra, segundo o seu autor, "é passarmos a encarar a água como um bem cada vez mais essencial à vida", disse, lembrando que 97% da quantidade de água que existe no planeta é salgada e que nem toda a que resulta dos restantes 3% é acaba por ser utilizada. Neste sentido, lembrou que a média diária de consumo de água por pessoa é de 250 litros. "Não temos muito bem esta noção mas o facto de cada ser humano consumir esta quantidade de água por dia é um indicador preocupante numa população mundial que cada vez maior, disse. O livro tem também objectivos infanto-juvenis, já que "procura passar a mensagem de uma forma o mais criativa possível para que através tanto do texto como da imagem os mais novos tenham um gosto pela leitura e vão descobrindo a história. Recomendado para "todas as idades". A conferência e a apresentação do livro decorreram no âmbito de um programa de iniciativas promovidas pela CMF para assinalar o Dia Mundial da Terra (celebrado ontem) e o Ano Internacional da Biodiversidade, que se observa este ano. Rubina Leal, vereadora com o pelouro da Educação, explicou que o programa prevê ainda uma exposição itenerante (Viagem pela biodiversidade do Funchal'), que pretende, de "uma forma pedagógica, alertar para a riqueza do nosso património natural", a qual deverá chegar a mais de 360 alunos.
Raul Caires

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