Os partidos decidiram vestir os bibes dos meninos birrentos e deram ao País o mais triste espectáculo.
A semana que termina é para esquecer no que diz respeito à política. Apesar de todos os avisos, apesar dos desafios do Presidente da República no sentido de procurar consenso para que a imagem externa do País não saia ainda mais prejudicada junto dos mercados financeiros, os nossos partidos políticos decidiram vestir os bibes dos meninos birrentos e deram ao País o mais triste espectáculo.
O PSD renegou numa semana tudo aquilo que dissera, e com razão, acerca do controlo orçamental. O PS dramatizou em excesso o processo relativo às Finanças regionais e os restantes partidos voltaram-se contra tudo o que têm feito e dito nos últimos anos para aprovar numa aliança ressabiada mais uns milhões para o Dr. João Jardim enriquecer ainda mais uma das regiões mais ricas do País. Compreender-se--ia este aumento extraordinário de despesa se fossem Trás-os-Montes e o Alentejo os destinatários destes milhões de euros. São as regiões mais pobres do País, aquelas que merecem maior investimento e cuidado. Se fosse assim, compreender-se-ia o PCP e o Bloco de Esquerda, que se dizem muito amigos dos pobrezinhos, gritam eles que são os partidos dos explorados. Tiraram a máscara e a esquerda caviar muito smoking e muito gin tónico está no sítio certo. A gritar como sempre, mas ao lado deste absurdo completamente injustificável que é denunciar a exploração do Continente e ter muita pena dos pobrezinhos do Continente e aplaudir os riquinhos, porque têm medo dos berros e dos insultos do presidente da região da Madeira. É certo que estas piruetas dos partidos da oposição fazem com que ninguém fique bem na fotografia. Salva-se Cavaco Silva que apela ao bom senso, à convergência, ao diálogo aberto, o verdadeiro patamar superior da democracia. Mas está a pregar no deserto. Nenhum dos partidos políticos conseguiu perceber os resultados eleitorais de há três meses. O PS ainda não percebeu que ganhou as eleições e que precisa de criar consenso sem dramatismo. Os restantes ainda não perceberam que perderam as eleições e por isso fazem coligações ressabiadas e desonrosas que em nada abonam a seriedade com que pretendem governar o País. É preciso ser muito estúpido para que, quatro meses depois do acto eleitoral, ainda não tenham passado os maus fígados das vitórias e derrotas recentes. E, quando alguns começam a pedir eleições outra vez, não tenho dúvidas de que a estupidez está a minar a política. É melhor que trabalhem para o País que os elegeu e tenham alguma vergonha na cara. Até os meninos birrentos pedem desculpa quando se portam mal.
Francisco Moita Flores, Professor Universitário
Sem comentários:
Enviar um comentário