quarta-feira, 25 de março de 2009

Uma ilha altamente Kultural…


ANTÓNIO CRUZ

Temos Museus, belos Museus, seja na capital do arquipélago, seja a pouco tempo de distância (como é o casoda Calheta), em que os visitantes mais assíduos são asmoscas e o pó. O que vale é que ainda existe uma meia dúzia de interessados que se deslocam para enriquecerem a sua bagagem cultural. Não fosse isso…
Temos uma quase completa ausência de programas culturais no canal regional. E os poucos, muito poucos, que vamos tendo, salvo honrosas excepções, mostram sempre as mesmas caras, os mesmos olhares vazios, as mesmas posturas de frete, a mesma falta de criatividade e dom de palavra… Temos “escritoras” invejosas e mesquinhas, vaidosas e arrogantes, e de muito baixa
formação a todos os níveis, cujo objectivo é denegrir o trabalho da “concorrência”.
Felizmente que outros/as há que são o oposto das meretrizes da cultura local…Não
fosse isso…
Temos “pintoras” e “pintores” que, quando chamados a colaborar em iniciativas filantrópicas
dizem não ter tempo nem motivação para o fazer. Felizmente que outros
há que o têm, até porque não se esqueceram dos seus passados de dificuldades…
Temos “actores” arrogantes e bacocos que quando pisam o palco – sobretudo o da vida – enchem de tal forma a peitaça que parecem ir rebentar a qualquer instante. Felizmente
que há os outros que fazem do teatro uma paixão, e vivem-no como paixão que é. Estes são os que sabem pisar todos os palcos da vida. Inclusive os dos teatros.
Temos dirigentes desportivos que, por não gostarem do que ouvem e vêem na televisão, toca a sair de casa e ir oferecer pancada (e o que mais vier a jeito) a moderadores, jornalistas, comentadores e a todos que lhes aparecerem pela frente.
Temos músicos (compositores alguns) que fogem como o diabo da cruz de compor uma musiquinha para um qualquer Festival ou Concurso. Dizem que andam a estudar…Felizmente que, ao que parece, há outros que preferem continuar “burros” e participam com o seu trabalho e a sua generosidade neste tipo de ideias e projectos que são de enaltecer.
Temos júris de concursos literários, pictóricos, festivaleiros e afins que estão abaixo de qualquer consideração, honorabilidade, imparcialidade ou isenção. Felizmente que temos alguns elementos desses júris mal paridos que têm dignidade e colocamna ao serviço da transparência e da honra. Não fosse isso…
Temos “famiglias” (tristes) que organizam eventos como meio de autopromoção.
Felizmente que temos gente que não pactua com essa forma de estar e que consegue fazer coisas positivas e em prol de uma cultura verdadeira e que pretende ser uma mais valia para as gentes locais. Se não fossem eles…
E depois não temos os críticos. Não temos os críticos que saibam ler e interpretar um livro. Não temos críticos que saibam ler e interpretar um quadro. Ou uma escultura.
Ou uma peça de teatro. Ou um concerto erudito. Ou um graffiti. Ou um filme fora do circuito comercial. Porque não tiveram formação para tal. Porque não lhes interessa crescer culturalmente, limitando-se a relatar factos que são óbvios para toda a gente. Porque estão acomodados. Porque estão amarrados e amordaçados. Porque têm medo de chamar os bois (ou o feminino dos ditos) pelos nomes.
Ditosa Kultura regional. A quanta distância (ainda) te encontras da palavra
C-U-L-T-U-R-A.
(Com a devida vénia ao Diário Cidade)

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