domingo, 8 de fevereiro de 2009

PAULO PORTAS. Visto através de Ana Gomes.

Artigo de Ana Gomes no Blog de comissários políticos do PS chamado Causa-Nossa. Em circunstâncias normais não mandaria ligação para este sítio absolutamente detestável, cheio de propaganda política pró governo, quase toda ela idiota e demagógica.

Mas o conteúdo do artigo da senhora bate no ponto: qual é a estranha imunidade de que goza o senhor Paulo Portas, que lhe permite fazer todo o tipo de asneiras e vigarices e passar sempre incólume?

O artigo da senhora Gomes surge à propósito da recente polémica entre o senhor Paulo Portas e o senhor anónimo ministro da Agricultura e Pescas, duas actividades económicas que não existem em Portugal, embora tenham ministro atribuido. Transcrição completa.

Olha, olha! Uma espécie rara: um ministro de um Governo PS sem medo de denunciar de forma contundente a impunidade - política e criminal - de que há muito tempo, escandalosamente, vem beneficiando o Dr. Paulo Portas! Um Paulo Portas que se refina na rábula e agora ameaça o ministro com a justiça, por ofensa ao bom nome. Isto do bom nome é relativo, como com toda a gente - e este Portas chama-se Paulo.
O ministro Jaime Silva tem o meu apoio e aplauso. Mas vai precisar de muito mais do que isso. É que no PS há gente com velhas e enraízadas cumplicidades com o Dr. Paulo Portas, como se percebeu no derrube da direcção Ferro Rodrigues/Paulo Pedroso. Como se percebe nas escutas do processo Portucale - que agora o novo Código de Processo Penal, muito oportunamente, impede a imprensa de transcrever. Gente que quando vê Paulo Portas em apuros, seja no tribunal da Moderna, nas investigações do Portucale, ou de fortuita passagem por alguma esquadra de bairro, sempre dá um jeito, discreto, de lhe estender a mão.
Para não falar de quem assistiu, impávido, sem mexer um dedo, à gestão ruinosa de Paulo Portas no Ministério da Defesa, deitando-nos abaixo os aviões A400-M, levando-nos ao fundo nos submarinos e arranjando-nos um inferno às ordens de Rumsfeld - que hoje persiste no esforço de encobrimento dos “voos da tortura”. E de quem, com altas responsabilidades estatais, hoje guarda silêncio e nada faz diante das notícias do frenético fotocopianço das horas da despedida de Paulo Portas pelo Restelo, em despudorada violação das mais elementares normas de segurança do Estado.
Ministro Jaime Silva, olhe que quem se mete com o Dr. Paulo Portas, tal como com um certo PS, leva. Costuma levar. Mais tarde ou mais cedo. Eu, se fosse a si, começava a cuidar da retaguarda.

A gestão ruinosa do senhor Portas manifestou-se em várias áreas.






















1.

Entre escolher aviões de nova geração produzidos na Europa, optou-se por ir fazer um favor aos nossos aliados norte americanos comprando o equivalente americano ao A-400. Pelo meio das negociatas vieram mais 12 caças de combate F-16 em segunda mão - preço unitário, se bem me recordo, 20 milhões de dólares para dotar a força aérea portuguesa de uma dupla esquadrilha. Saber se existia dinheiro e pilotos em número suficiente para os aviões não se soube, apenas se comprou. Daí os rumores de “comissões” pagas por fora. O governo PS devolveu à procedência vários do aparelhos logo a seguir a ter tomado posse.

2.

Com os submarinos existia um problema semelhante. Era necessário substituir a actual força submarina, que já estava a chegar aos 50 anos de serviço ( o tempo útil apontado é de 40 anos). A escolha oscilava entre o Scorpene francês e o novo modelo alemão. A compra inicial previa 3 unidades. Porquê 3?

Porque para os submarinos serem eficazes em combate tem que treinar aos pares. Como existem folgas de tripulação, descanso do material, manutenção, conclui-se que enquanto dois estão em treinos, o terceiro está ou em manutenção ou em folga. E rodam entre si os 3 barcos/tripulação.

Com o magnífico negócio Portas, 30 a 40% do tempo não é aproveitado porque é necessário por tripulações e barcos a descansar e fazer operações de manutenção. Falta o 3º barco para dar plena efectividade à flotilha.

Após a compra o senhor Portas vangloriou-se que “poupou 100 milhões de euros e além disso comprou em Leasing”.

3.

Os voos da CIA que nunca passaram por Portugal, mas afinal passaram. O nosso “aliado” pediu (deu uma ordem) e passaram. Agora cobre-se a história. Ela começou com o senhor Portas à frente do ministério da defesa.

4.

Ferro Rodrigues/Paulo Pedroso: foram as “orientações emanadas” daqueles lados que levaram as investigações e o lançamento de lama para cima da então direcção do PS em 2003. Isto, independentemente, obviamente de o Senhor Pedroso ser ou não ser culpado. O assunto, como percebemos, não está resolvido mais de 4 anos após ter começado.

5.

A fortuita passagem pela esquadra de Bairro deriva de uma história que se conta em Blogs, mas não só. Parece que às 4 horas da madrugada de um determinado dia, o senhor Portas andava pelo parque Eduardo sétimo em Lisboa, conhecida zona de prostituição masculina no engate, com uma cabeleireira loura enfiada na cabeça. Daí a alcunha de “Catherine Deneuve”.

Foi detido pela polícia por comportamentos impróprios e levado para uma esquadra. Lá dentro, ao que se conta, telefonou para o seu grande amigo Jorge Coelho - membro do PS. Este apareceu, quando era ministro num governo Guterres e safou o senhor Portas da situação.

6.

O caso Portucale - empreendimento agro-turístico em Benavente feito pela empresa Portucale, ao que me lembro, pertencente ao Banco Espírito Santo. Construção a ser feita em área protegida para a qual surgiram uns convenientes despachos a reformular a lei que impedia essa mesma construção. Pelo meio abateram-se imediatamente 1000 sobreiros classificados como sendo protegidos. O caso está actualmente em investigação. Lá para 2050 sairá a conclusão.

7.

No caso Moderna e na empresa de sondagens que liderava e que deu depois o resultado na Universidade que deu, Portas conseguiu o milagre de não ser constituido como arguido. Porquê? Pergunte-se ao juiz que analisou o caso. Critique-se e exija-se o fim do principio da inamovibilidade dos juízes e do principio da irresponsabilidade dos Juízes pelas decisões que tomam.

8.

Ao sair do governo, e ao que julgo ter lido, Portas mandou fotocopiar 60 mil documentos do ministério para sair de lá com as cópias. Numa empresa privada ou pública isto é crime, excepto se for Portas a fazer tal.

Citação parcial, Blog Macroscópio 23 Julho de 2003

Doravante, os problemas recomeçam com base nesta investigação que remonta ao passado recente - em que o dito PPortas teve responsabilidades no ministério da Defesa - que hoje diz processar por causa das fugas de informação, pasme-se, sobretudo vindo isto de quem vem, o campeão dessas mesmas fugas de informação em Portugal e até fautor e dinamizador de um jornalismo político verdadeiro assassino de personalidades então ligadas ao cavaquismo - quando aquele era director do Indy - entretanto extinto por rejeição do mercado.

A 15 de Abril de 2003, um ano após a tomada de posse do Governo PSD/CDS-PP, Durão Barroso assinou uma resolução que iria provocar uma reviravolta completa no negócio dos submarinos: em Julho de 2001 a francesa Direction des Constructions Navales International (DCN-I) tinha a melhor proposta, com um preço inferior em 32,8 milhões de euros, mas em Novembro de 2003, com a mudança nos métodos de análise das propostas, o Governo adjudicava ao German Submarine Consortium (GSC), por proposta de Paulo Portas, a compra dos navios, com o argumento de que o consórcio alemão tinha uma proposta inferior à francesa em 106 milhões de euros.

Fonte : http://dissidentex.wordpress.com

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