No dia 19 de Novembro, do corrente ano, iniciei um cruzeiro até ao Mediterrâneo, com saída do Funchal. Ao chegar ao porto de embarque, o agente policial, que se encontrava à entrada do mesmo, verificou se o nome constava na lista de passageiros e anotou o número de matrícula da viatura, informando que tal procedimento era devido às novas normas de segurança internacionais, o que não se discute, embora, obviamente, todos nós saibamos que, dada a inexistência de fiscalização das embarcações que entram e saem nas nossas marinas, se qualquer terrorista quisesse fazer um atentado poderia facilmente transportar um míssil e dispara-lo sem qualquer problema contra o alvo pretendido.
No decurso do cruzeiro, ao chegar a outros portos, exemplo de Civitavechia, em Itália, ou Santa Cruz de Tenerife, dispuseram, em ambos os sentidos, autocarros gratuitos para os passageiros entre o navio e a saída do porto, e em Casablanca (Marrocos), apesar de não pertencer à União Europeia, as autoridades não exigiram a titularidade do passaporte, que era o meu caso, limitando-se a cumprimentar os passageiros.
De regresso ao Funchal, onde chegámos a 30 de Novembro, no fim da Pontinha, onde o navio MSC Orchestra atracou, fomos amavelmente informados pelos funcionários alfandegários de que, segundo ordens superiores, teríamos que, tal como burros com a carga às costas, transportar as nossas bagagens até a saída do porto, pois os nossos familiares não podiam entrar, nem a pé nem de carro, para irem recolher-nos no ponto onde nos encontrávamos. No meu caso, nem explicando que sou deficiente motor, com 60% de incapacidade, serviu como excepção.
Publicamente, manifesto o meu desagrado perante a ordem dada por um "inteliburro" aos funcionários alfandegários que ali desempenhavam as suas funções e denotavam um certo constrangimento ao informarem-nos as ordens transmitidas pelo idiota que teve aquela, para nós, infeliz ideia.
São situações como esta que me fazem sentir vergonha de ter a mesma nacionalidade de alguém que é capaz de determinar factos como o atrás descrito, que fazem com que chamem-nos "portugueses de segunda" até seja um elogio, pois só na Madeira é que o pudemos verificar, visto nos outros portos terem também saído passageiros e nada disto ter sido constatado. Cada dia mais convenço-me de que nesta terra existem tantos burros mandando homens inteligentes que, certamente, a burrice é uma ciência, com doutoramento! Ainda hoje questiono para que serviram os 135 euros pagos em taxa portuária… será que foram para financiar algum doutoramento em burrice?.
José Gouveia Batista
Com a devida vénia ao Diário de Notícias - Madeira
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