sábado, 6 de dezembro de 2008

Funchal, porto de burros
















No dia 19 de Novembro, do corrente ano, iniciei um cruzeiro até ao Mediterrâneo, com saída do Funchal. Ao chegar ao porto de embarque, o agente policial, que se encontrava à entrada do mesmo, verificou se o nome constava na lista de passageiros e anotou o número de matrícula da viatura, informando que tal procedimento era devido às novas normas de segurança internacionais, o que não se discute, embora, obviamente, todos nós saibamos que, dada a inexistência de fiscalização das embarcações que entram e saem nas nossas marinas, se qualquer terrorista quisesse fazer um atentado poderia facilmente transportar um míssil e dispara-lo sem qualquer problema contra o alvo pretendido.
No decurso do cruzeiro, ao chegar a outros portos, exemplo de Civitavechia, em Itália, ou Santa Cruz de Tenerife, dispuseram, em ambos os sentidos, autocarros gratuitos para os passageiros entre o navio e a saída do porto, e em Casablanca (Marrocos), apesar de não pertencer à União Europeia, as autoridades não exigiram a titularidade do passaporte, que era o meu caso, limitando-se a cumprimentar os passageiros.
De regresso ao Funchal, onde chegámos a 30 de Novembro, no fim da Pontinha, onde o navio MSC Orchestra atracou, fomos amavelmente informados pelos funcionários alfandegários de que, segundo ordens superiores, teríamos que, tal como burros com a carga às costas, transportar as nossas bagagens até a saída do porto, pois os nossos familiares não podiam entrar, nem a pé nem de carro, para irem recolher-nos no ponto onde nos encontrávamos. No meu caso, nem explicando que sou deficiente motor, com 60% de incapacidade, serviu como excepção.
Publicamente, manifesto o meu desagrado perante a ordem dada por um "inteliburro" aos funcionários alfandegários que ali desempenhavam as suas funções e denotavam um certo constrangimento ao informarem-nos as ordens transmitidas pelo idiota que teve aquela, para nós, infeliz ideia.
São situações como esta que me fazem sentir vergonha de ter a mesma nacionalidade de alguém que é capaz de determinar factos como o atrás descrito, que fazem com que chamem-nos "portugueses de segunda" até seja um elogio, pois só na Madeira é que o pudemos verificar, visto nos outros portos terem também saído passageiros e nada disto ter sido constatado. Cada dia mais convenço-me de que nesta terra existem tantos burros mandando homens inteligentes que, certamente, a burrice é uma ciência, com doutoramento! Ainda hoje questiono para que serviram os 135 euros pagos em taxa portuária… será que foram para financiar algum doutoramento em burrice?.

José Gouveia Batista


Com a devida vénia ao Diário de Notícias - Madeira

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