Editorial
E ninguém vai preso?

Os contribuintes portugueses vão pagar a gestão danosa de anteriores administrações do BPN. Mas o Governo fez bem em promover a nacionalização deste banco, conhecido pelos seus "activos extravagantes".
Deixar entrar o banco em falência com a actual crise seria abrir uma caixa de Pandora e haveria o risco de assistirmos a uma corrida generalizada aos depósitos em todos os bancos e a uma derrocada em dominó de todo o sistema financeiro.
O BPN não é vítima da crise financeira global. É vítima dos erros de gestão, dos negócios ruinosos deste banco peculiar, construído através de uma rede de empresários de média e grande dimensões do país real e que tinha interesses desde o consórcio do SIRESP a hospitais e aos vinhos das caves da Murganheira.
O império do BPN e da sua casa-mãe, a SLN, foi desenvolvido por Oliveira e Costa, um banqueiro que no final da década de 80 foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que teve um poder quase discricionário na máquina do Fisco e que conheceu alguns dos futuros accionistas do banco com os célebres perdões fiscais. O BPN e a SLN também contribuíram para a fortuna de Dias Loureiro, uma vez que o grupo comprou uma empresa da qual o ex-ministro foi administrador. O conselheiro de Estado chegou a ser vice-presidente do BPN.
Feita a intervenção no banco, é também importante apurar responsabilidades criminais. E ninguém vai preso? A culpa costuma morrer solteira em Portugal, quando há ricos e poderosos envolvidos. Cabe ao PGR e aos tribunais contrariarem essa tradição. Os cidadãos e os contribuintes merecem.
Com a devida vénia Correio da Manhã
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