Os anos passam mas o discurso de Alberto João Jardim não muda. Como pode ler-se no destaque aqui ao lado, em cada ida ao jantar de aniversário do Marítimo o presidente do Governo Regional da Madeira aponta a construção do novo estádio do clube como uma prioridade do seu Governo, deixando mesmo prazos para a concretização da obra. Só que, a cada ano que passa, as promessas de Jardim vão ficando por concretizar, pelo que só lhe resta fazer nova promessa no ano seguinte, apontando novo prazo. A 5 de Dezembro de 2004, dia em que o presidente do Marítimo, Carlos Pereira, propôs trocar o prémio 'Europa' pela escola do clube, Jardim assumiu que o Estádio do Marítimo "é uma das prioridades do Governo para 2005, altura em que será lançada a obra".Os cerca de 800 adeptos do clube presentes na sala do Tecnopólo ouviram e aplaudiram, e a 18 de Outubro de 2005 viram a sua esperança reforçada. Após uma reunião entre Governo e clube, foi anunciado pelo próprio presidente do Governo que já havia local escolhido. Analisadas as quatro possibilidades (Prebel, Madibel, Praia Formosa e Arieiro), o Governo Regional decidiu que o estádio seria construído na Praia Formosa, dando luz verde ao clube para arrancar com o processo. Meio ano depois, a 19 de Abril de 2006, o tema voltou a ser abordado por Jardim em mais um momento solene da história do Marítimo. Foi na inauguração do pavilhão, escola e lar do clube. O presidente do Governo atirou as culpas do atraso no processo de construção do estádio para o Governo da República. "As leis da República Portuguesa complicam o que se quer fazer mais depressa" denunciou. Mesmo assim revelou que "o projecto está quase pronto", e apontou com uma data para a inauguração. "Até final do mandato". Que neste caso seria 2008. Entretanto, a 19 de Outubro desse ano, era apresentado formalmente o projecto idealizado pelo Marítimo para a Praia Formosa. "O Estádio do Marítimo estará pronto na época 2008/09" garantiu na altura Francisco Fernandes, secretário regional da Educação, representante do Governo na cerimónia de apresentação. Uma semana depois, Jardim, de novo num jantar de aniversário do clube, reafirmava a vontade do executivo em ver o projecto ir por diante. "Se alguém pensa que as dificuldades criadas à Madeira vai impedir a construção do Estádio do Marítimo, engana-se" assegurou o presidente. Tal como em Dezembro de 2004, os cerca de mil sócios maritimistas presentes no jantar ouviram e aplaudiram.Só que a crise financeira acabou mesmo por travar o processo. Pelo menos foi essa a explicação dada para justificar o abandono do projecto na Praia Formosa, trocando-o pelos Barreiros. Foi em Setembro de 2007, apenas duas semanas antes da data marcada para a Assembleia Municipal do Funchal aprovar o plano de pormenor da Ribeira de São Martinho, o tal que viabilizava precisamente a construção do Estádio na Praia Formosa. Estava tudo pronto para o lançamento do concurso, havia já parcelas de terreno compradas pelo clube, mas ficou tudo pelo caminho, obrigando o Marítimo a dar início a um novo processo. A fórmula jurídica para garantir a cedência aos 'verde rubros' de um espaço que até agora era público gerou alguma polémica, mas em novo jantar de aniversário, a 17 de Novembro de 2007, ficou nova promessa de Jardim. "A obra será para inaugurar em 2010, ano do centenário do clube, e faço questão de ser presidente do Governo nessa altura", disse o governante, que fez mesmo questão de ler a resolução que determinava a "transferência gratuita e a título definitivo" dos Barreiros para o Marítimo. Uma vez mais, os sócios ouviram e aplaudiram... Passou quase um ano, e ao contrário do anunciado por Jardim no jantar, a fórmula jurídica para a cedência do espaço ao clube ainda deu que falar. Mas no final de Julho último finalmente o projecto de remodelação do Estádio dos Barreiros deu entrada na Câmara Municipal do Funchal, sendo simultaneamente lançado o concurso público internacional para a execução da obra. Só que parecem não ter terminado aí os avanços e recuos. Quase dois meses depois de ter sido lançado o concurso, e no mesmo dia em que homenageou o Marítimo pela sua sexta presença europeia, Alberto João Jardim anunciou em comunicado que "resolveu mandar alterar o projecto", avançando que "mandou eliminar, nuns casos, e rever noutros, infra-estruturas que o Marítimo já as possui, ou existem na quantidade necessária à Região, ou de momento não constituem prioridade de despesa pública". Resta saber que revisões terão de ser feitas ao projecto, e que implicações isso traz ao andamento do processo.O concurso público previa que as propostas fossem entregues até ao dia 17 de Outubro, mas entretanto foi já prorrogado o prazo para o próximo dia 31. Mesmo assim, e apesar de o programa do concurso prever a aceitação de variantes, a verdade é que caso sejam feitas alterações profundas, a solução é mesmo lançar novo concurso. Caso tal aconteça, só em 2009 é que será possível adjudicar a obra. Resta saber o que irá Jardim dizer esta noite.
Jantar-convívio com vários atractivos
A venda de bilhetes para o jantar de aniversário do Marítimo encerra hoje, às 12 horas. Assim, quem quiser marcar presença no pavilhão do Marítimo, engalanado para a ocasião, terá de se apressar. Para animar uma festa com início marcado para as 20 horas, os verde-rubros convidaram o grupo musical 'Conversas de Café'. Confirmado está Alberto João Jardim, entre outras figuras, como os sócios que serão presenteados com medalhas de ouro (14) e prata (cerca de 80). À margem da festa, mas de todo o interesse para os presentes e outros, destaque-se o facto do dérbi Marítimo-Nacional ter sido adiado para o dia 3 de Novembro (2ª feira), às 19h45 (Sport TV1).
Cada lugar a custar o dobro do Estádio da Luz
Quanto vai custar, afinal, a remodelação do Estádio dos Barreiros? O preço base do concurso aponta para os 46,5 milhões, mas Carlos Pereira até já se disponibilizou publicamente para tentar reduzir os custos da obra. "Começámos num estádio, na Praia Formosa, de 125 milhões, passámos para 70, para 65, agora vamos em 45, e tudo faremos para continuar a diminuir esse valor e ainda estamos disponíveis para contribuir na atenuação desse valor" disse, ao DIÁRIO, o presidente do Marítimo no passado dia 3 de Outubro. Declarações no mínimo curiosas, atendendo a que anteriormente nunca tinham sido assumidos valores, e que as previsões feitas para o projecto da Praia Formosa apontavam para um valor a rondar os 80 milhões de euros, incluindo a tal zona comercial projectada para essa zona. Utilizando como termo de comparação os estádios construídos em Portugal nos últimos anos, facilmente se constata que caso o custo final da obra se situe nos 46,5 milhões apontados como preço-base para o concurso, o Estádio do Marítimo terá um custo por lugar incomparavelmente mais alto do que os Estádios da Luz, Alvalade ou do Dragão. Cada um dos 9 mil lugares custará cerca de 5.166 euros. Dos que se construíram recentemente, o Estádio da Luz foi de todos o mais caro, ascendendo aos 162 milhões de euros, valor que inclui zonas comerciais, dois pavilhões, piscina, ginásio, estacionamento, restaurante, bares, Health-club e acessos rodoviários. Atendendo a que se trata de um Estádio com 65 mil lugares, o custo final é de 2.492 euros por lugar. Em contraponto, o Estádio de Barcelos custou apenas 16 milhões de euros. Como tem 12.374 lugares, o custo médio de cada lugar ficou-se pelos 1.293 euros. Há contudo dois aspectos a ter em conta. Em primeira lugar, estas obras foram feitas na primeira metade da década, e há cinco anos atrás os preços eram mais baixos. Depois, as obras na Região custam sempre mais caro do que no Continente, embora tal não se reflicta nos diplomas legais. O preço de construção da habitação por metro quadrado para efeitos de cálculo da renda condicionada fixado para Lisboa é de 721,28 euros por metro quadrado. Na Madeira é de 682,60. Mas não faltam exemplos de que construir infra-estruturas desportivas na Madeira sai mesmo muito caro. Basta ver o Complexo Desportivo do Nacional, onde só na segunda fase se gastaram mais de 20 milhões de euros.
CUSTOS
Estádio da Luz 162 milhões de euros 65 mil lugares (2492 € por lugar)
Estádio Alvalade 79 milhões de euros52 mil lugares (1519 € por lugar)
Estádio do Algarve 30,6 milhões de euros30 mil lugares (1023€ por lugar)
Estádio do Dragão97 milhões de euros52 mil lugares (1880€ por lugar)
Estádio de Aveiro 43 milhões de euros30 mil lugares (1444€ por lugar)
Estádio AXA - Braga 72 milhões de euros30 mil lugares (2398€ por lugar)
Estádio Cidade de Barcelos 16 milhões de euros 12 mil lugares (1293€ por lugar)
Carlos Pereira e Manuel António na festa do CSM de Joanesburgo
O presidente do Clube Sport Marítimo e o secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais deslocam-se a Joanesburgo, no final deste mês, para participarem nas comemorações de mais um aniversário da filial número cinco dos 'verde rubros'. A presença de Carlos Pereira e de Manuel António Correia foi confirmada ao DIÁRIO pelo presidente do C. S. Marítimo de Joanesburgo, Alberto Santo. A festa terá lugar no primeiro dia de Novembro, no Núcleo de Arte e Cultura (NAC) em Regentes Park, dado que a sucursal maritimista não dispõe de uma sede. Alberto Santo, 34 anos, presidente do Clube Sport Marítimo de Joanesburgo, disse ao DIÁRIO que o aniversário pretende associar-se também à celebração dos 500 Anos da Cidade do Funchal, daí a presença de um membro do Executivo regional.A chegada do secretário regional e do presidente do Marítimo ao 'Oliver Reginald Tambo International Airport', em Joanesburgo, está prevista para a manhã do dia 29 de Outubro. O dirigente local do Marítimo disse que a razão de ser deste evento se destina também a angariar fundos para a organização 'verde rubra', que conta apenas com nove sócios, mas que dispõe de um número elevado de amigos e simpatizantes. No jantar são esperadas cerca de 600 pessoas, revelou Alberto Santo que, em conjunto com Manuel Canada, Ricardo Agrela, José Santo, Quintino de Abreu, António Salgado, Miguel Gomes, Carlos Reis, Paulo Silva e o secretário José Alfredo Quintal, formam os nove sócios da colectividade. Neste momento, a filial 'verde rubra' está a ultimar os seus estatutos, para colmatar uma lacuna existente, apesar da sua longa existência. O CSM de Joanesburgo tem três equipas e futebol sénior e quatro de juniores, havendo a possibilidade de em Janeiro haver mais três equipas jovens. Em Pretória, a cerca de 200 quilómetros de Joanesburgo, o Marítimo tem outra filial, presidida por Manuel Furriel que, ao DIÁRIO, declarou ter tentado que o presidente Carlos Pereira também lá se deslocasse para associar-se ao aniversário dessa estrutura (26 de Outubro), algo que os contactos com Joanesburgo parecem ter inviabilizado.
Com a devida vénia ao Diário
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