sábado, 9 de agosto de 2008

Recomendasse uma leitura







Maximiano Martins

A Carochinha e outras 'estórias'
.

O Verão é excelente para revisitar o nosso quotidiano recente com outros olhares. Essa é também uma forma de estar… em férias.
Ora quando olho para combates políticos recentes verifico uma forte tendência para ficcionar, manipular… para contar ao povo histórias da Carochinha. Ou seja: encantar e enganar. E, com forte poder de propaganda, o poder instalado lá vai passando incólume à sua responsabilidade pelos resultados de 30 anos de governação. Perante dificuldades ou sinais de crise, nunca é o responsável. Governar é optar, é tomar decisões, é assumir e responder pelos resultados… mas não na Madeira 'laranja'. Ser autónomo é ser responsável… mas não aqui.
1. Foi assim com a Lei das Finanças Regionais. Plebiscitou-se um protesto contra um pseudo-roubo e um alegado garrote financeiro. Qual a verdade hoje? As transferências totais da República não baixaram. Recentemente, a maioria PSD retirou da agenda da Assembleia da República a apreciação potestativa do assunto. Ou seja, reconhecem que o assunto não tem afinal pertinência nem urgência e, em vez de preparar e negociar a revisão da lei, nos termos que ela própria prevê para meio-percurso, fazem das finanças regionais mera 'arma de arremesso'. Lamentável e pouco sério!
2. Poderá ser assim com as próximas eleições legislativas nacionais. De novo, em vez de discutir opções de governo e de políticas nacionais - que é o que estará em causa nessas eleições -, o PSD-M quer fazer delas… um referendo sobre a Constituição! Ou seja, quer manobrar no seu terreno de eleição, que é o da demagogia e da manipulação. Vamos ter, de novo, bons e maus madeirenses, heróis e traidores… 3. Está a ser assim com os transportes aéreos. O Governo, tal como os meios hoteleiros madeirenses, quis o processo, pediu a abertura de negociações com Bruxelas e saudou o seu resultado como 'histórico'. Depois, quando verificaram que não tinham acautelado o período de transição e a situação específica dos residentes e estudantes desdisseram-se. Pura irresponsabilidade. Sacudiram a água do capote e não responderam à simples questão de saber porque entrou em vigor o novo regime agora e não em Outubro com o calendário IATA e a entrada de novos concorrentes?
4. No Chão da Lagoa falou-se de que "quem quer ilhas no Atlântico tem de pagá-las". No passado já disseram e escreveram "querem ou não querem a Madeira?". É um absurdo colocar as coisas nestes termos. A relação entre a Madeira e a Pátria Portuguesa não passa por pagar luxos ou 'meninas'… Passa por princípios e valores. Por estas e por outras é que aquela festa já não tem eco no país. Mais uma prova da irrelevância actual do PSD-M.
5. De seriedade falou Manuela Ferreira Leite. Ela não veio ao Chão da Lagoa e mandou, dos Açores, recados ao estilo de governação jardinista. Ao contrário de festanças, falou da necessidade de "rigor, seriedade, sobriedade e capacidade para fazer bem sem alarido". Que tiro certeiro! O 'poder laranja' fez que não percebeu… 6. Fez também que não percebeu Cavaco Silva. Este vetou matéria autonómica. Viu-se, agora, que afinal o PSD Partido da Autonomia é mais uma história da Carochinha. Jardim meteu 'a viola no saco' e prepara-se para calar e congelar os tão proclamados avanços autonómicos.
7. Finalmente, uma Carocha… movida a gasolina. No dia em que se iniciava o Rally Vinho Madeira (mera coincidência!), o Governo Regional pôs fim à liberalização da venda de combustíveis. Ao optar por preços administrados fá-lo com legitimidade. Mas… Terá de assumir no futuro o ónus directo das subidas de preços. Veremos então que 'estórias' nos contarão!.

Fonte: Diário de noticias, 9 de Agosto de 2008

Sem comentários: