Funchal deveria ser património mundial
O advogado e escritor Rui Nepomuceno considera que as entidades regionais e municipais deveriam empenhar-se junto da UNESCO para que a zonas históricas da cidade do Funchal fossem classificadas de Património Histórico da Humanidade.
O advogado funchalense, de 72 anos de idade, também conhecido pela sua intervenção política e pela sua ligação à cultura regional - já publicou alguns livros de cariz histórico -, é da opinião que o Funchal tem condições para ser nomeado e classificado pela UNESCO.
Rui Nepomuceno lembra que a cidade de Angra do Heroísmo, capital da ilha açoriana da Terceira, já obteve essa classificação há algum tempo, e não tem em termos históricos e monumentais a mesma importância do Funchal. "Temos mais pergaminhos históricos", reforça.
"Fomos o primeiro porto atlântico e foi no Funchal que os europeus construíram a primeira cidade fora do continente" recorda o advogado, que acrescenta as razões que contribuem para esse raciocínio, nomeadamente o facto do porto ter sido uma plataforma importante de apoio à saga dos Descobrimentos Portugueses. "Até no turismo fomos pioneiros no País... mas antes tivemos o maior Arcebispado do mundo", destaca Rui Nepomuceno entre os pontos que serviriam de referência para uma decisão da UNESCO.
"Essa seria uma excelente saída para as comemorações dos 500 Anos da fundação da cidade do Funchal, e seria um passo muito importante, projectando-lhe o futuro", reforça o advogado e escritor.
Para que essa ideia possa continuar a ser perseguida e alimentada, o nosso entrevistado considera que os funchalenses devem cuidar melhor do seu património histórico e do que resta do património ambiental, procurando proteger as zonas históricas da cidade, aquelas com maior interesse, onde a intervenção do homem se deu há mais tempo e por onde se pode contar a nossa História.
Rui Nepomuceno concorda que a cidade mudou bastante e no aspecto social refere que o Funchal sempre teve uma vida interessante e intensa. No século XIX era famosa a actividade no Palácio de São Lourenço, onde decorriam as festas fechadas, que se abriram depois para outros sítios. Nos últimos anos alargaram-se também os conhecimentos dos funchalenses, o seu nível cultural, e a cidade cresceu também nesse aspecto, embora Rui Nepomuceno considere que ainda se poderá fazer mais. A propósito sugere que as escolas da Região Autónoma lutem por um programa próprio de História e de Geografia Política. "É preciso ensinar aos jovens da hoje a História da sua terra, é preciso ensinar-lhes para que tenham orgulho do que aqui foi feito, da intervenção e projecção da ilha no mundo", propõe Rui Nepomuceno.
Sobre a proliferação de cidades na ilha, que de certo modo retiraram protagonismo ao Funchal, o advogado é da opinião que foi o rasgar dos acessos, das vias rápidas e das novas estradas que aproximaram as pessoas e criaram outros pólos de desenvolvimento. A capital poderá ter perdido algum protagonismo, admite, mas não a importância que sempre teve e terá na vida pública e social do arquipélago.
Sobre o Funchal de alguns anos passados recorda com saudade alguns movimentos culturais existentes, como o Cine Fórum do Funchal e outros grupos de teatro e de música, que envolviam muitas pessoas. Tempos de grande actividade cultural, em que os eventos eram falados até fora da Região. Agora são outros tempos, as circunstâncias e as condições de trabalho mudaram. Os paradigmas também. Rui Nepomuceno diz que está satisfeito: na semana passada assistiu a um espectáculo do Grupo Experimental de Teatro do Funchal. Recordou-lhe a animação de outros tempos, em que os funchalenses se interessavam pelas coisas das Belas Artes. A cidade volta a ganhar espaços e eventos culturais. Os funchalenses voltam a mostrar empenho pelas coisas menos mercantis, por aquelas que satisfazem o espírito e pelas quais se destaca na sociedade madeirense.
Fonte: Diário de Noticias, 13 de Agosto de 2008
Governo fingido
Eu já tinha avisado que uma demissão não é uma reforma. Na verdade, como é habitual, o Governo Regional finge que governa e desata a tomar medidas insignificantes ou mesmo inócuas do ponto de vista dos resultados, e, neste caso, demitiu toda a administração da APRAM e não explicou porquê. Fica a dúvida se por causa dos mais de 200 milhões de dívidas; se o monopólio "de favor político/partidário" era sustentado por aquela administração; se aquela administração tinha ideias diferentes do Governo; se não tinham competência; se eram fiéis ao Secretário Santos Costa, ou mesmo, e porque não, se a pressão contra a escandalosa situação no porto do Funchal/Caniçal começa a ter efeitos... Enfim, nada se sabe ou, pelos vistos, não se saberá (porque o PSD - como sempre - votou contra a audição parlamentar à Secretária e à anterior administração).
Mas a actual responsável pelo sector veio dar uma resposta: não muda o modelo de licenciamento e "coloca a hipótese" (imaginem, só coloca a hipótese!!!) de a OPM (grupo Sousa) pagar pelos licenciamentos! A pergunta é: vão negociar(?) com que base, com que legitimidade legal; talvez ao longo de uma viagem no Lobo Marinho!? Mas, em boa verdade, para que existam contrapartidas é preciso um concurso para concessão. Em alternativa, era fundamental que as barreiras à entrada colocadas pelo Senhor Governo (imagina-se porquê?!) sejam retiradas. Mas sobre isto a Secretária já disse que não actua. No essencial não pretende fazer nada.
Além disso, importa reflectir sobre o sentido reformador da responsável pelo turismo na Madeira: não está preocupada com o planeamento, já pensou não ser presidente da Associação de Promoção (!?); e fez contas (incluindo as "festas" à moda de Jardim) e acha que a promoção aumentou, mas esqueceu-se de sublinhar que foi com o dinheiro do governo da República e dos privados... Sobre a liberalização, a Senhora Secretária não disse quanto custou para atrair a Easy Jet e se pretende continuar a pagar para ter concorrência. Bonito, não?.
Fonte: Diário de Noticias, Cartas do Leitor, 13 de Agosto de 2008
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1 comentário:
Gostei da recomendação.
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