domingo, 20 de junho de 2010

Cavaco Silva



















Dulcineia Quem tu és não importa, nem conheces O sonho em que nasceu a tua face: Cristal vazio e mudo. Do sangue de Quixote te alimentas, Da alma que nele morre é que recebes A força de seres tudo. José Saramago

Pessoalmente não tinha grandes simpatias por Saramago, mas a dimensão e importância da sua obra estão acima de qualquer motivo pelo qual eu poderia ter ou deixar de ter simpatias pessoais, a dimensão literária de Saramago está acima disso e o país tem com este português uma dívida.

Quando Bento XVI esteve em Portugal o Presidente da República desdobrou-se entre rezas e missas, umas públicas, outras oficiais, só faltou mesmo nomear um daqueles assessores que costumam passar o tempo a conspirar contra o primeiro-ministro ...

Mas quando os restos mortais de José Saramago chegaram a Portugal não dei pela presença de Cavaco Silva, do chefe da Casa Civil ou de um dos seus modestos assessores, nem mesmo o Fernando Lima, pelo que vi as televisões também não deram por tal presença.

É uma vergonha para Portugal, enquanto a ministra da Cultura de Espanha acompanhou os restos mortais na viagem para Lisboa e o governo espanhol manda a sua vice-presidente ao funeral o Presidente da República de Portugal fica de férias nos Açores.

Enfim, neste mundo sempre houve Homens grandes e homens pequeninos, Saramago é um dos grandes, Cavaco sofre de nanismo cultural e político.

Só os pequenos homens não conseguem superar a sua pequenez, como demonstra a forma como Soares e Saramago reataram relações:

«Mário Soares explicou: «Mas sarei essas feridas, quando era primeiro-ministro. Depois de ter lido o «Memorial do Convento» e «O Ano da Morte de Ricardo Reis», escrevi-lhe uma carta a dizer que, apesar de não termos relações, me sentia na obrigação de dizer-lhe que o apreciava enquanto escritor.»

A esta carta, José Saramago respondeu com uma outra que Soares resume deste modo: «Eu ainda gosto menos de si do que você de mim, mas também acho que é altura de reatarmos relações». Reconciliados, Saramago recebeu Soares na casa de Lanzarote. «Sou muito amigo da esposa, uma pessoa extraordinária que contribuiu muito para a carreira dele». » [Portugal Diário]
Este gesto de Cavaco tem a dimensão política que Marcelo tentou disfarçar, como disse Saramago em política não há deslizes ou gaffes:

«Na política "não há deslizes, não há 'gaffes'. Aquilo que se diz é aquilo que se pensa. Que depois se reconheça que foi mal e que se lhe chamemos de deslize e 'gaffe' para justificar ou desculpá-lo, nós já sabemos que isso se faz. Mas se ele disse “dia da raça” é porque pensa efectivamente que este dia se deveria chamar “dia da raça”, embora não ouse fazer isso", sustentou José Saramago à RR. » [aeiou]

Que faça umas boas férias, os portugueses sabem homenagear os seus e ninguém vai dar pela sua falta:

«O Presidente da República, Cavaco Silva, visitou hoje as lagoas do Fogo e Furnas, cumprindo parte do prometido à sua chegada quinta-feira a Ponta Delgada para quatro dias de férias na ilha de S. Miguel.Acompanhado da mulher, filhos, nora e netos, o Chefe de Estado aproveitou o bom tempo que se regista em S. Miguel para apreciar a paisagem do interior da maior ilha açoriana, almoçando o típico "cozido das Furnas.»[DN]

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