sexta-feira, 16 de março de 2012

A falácia do "atraso" dos Açores

Nos dias que correm, a desculpa do regime Jardinista para o descalabro que é a dívida atronómica da Madeira parece ser de que a Madeira criou dívida "para saír do atraso em que se encontra os Açores".

Isto certamente engana à vilhoada, aquela que nunca foi aos Açores, que só reconhece as notas pelo desenho e que vota no partido da seta que aponta para o céu.

Em primeiro lugar, o dado mais falacioso mostrado para dizer que a Madeira é mais "desenvolvida" que os Açores é o PIB per capita, ou seja, a riqueza produzida num ano por habitante, que segundo o Eurostat se encontra na Madeira nos 104% da média Europeia mas nos Açores apenas nos 75%. O irónico é confundir desenvolvimento com "riqueza" e utilizar uma métrica que neste caso nem serve. Acontece que uns 30% do PIB Madeirense advém do CINM (o offshore para os menos letrados em siglas bonitas). Isto significa riqueza que não é produzida na Madeira e que muito menos passa pelos bolsos dos Madeirenses, o que se traduz numa riqueza real semelhante à gerada nos Açores.

Em segundo lugar, a Madeira é uma terra de tubarões, onde uns poucos ficam com muito e outros muitos ficam com pouco. Claro que é assim um pouco em todo o lado, mas em riqueza mal distribuída a Madeira quase que bate o Brasil.

Outra falácia do nosso querido Líder e da sua corja de bajuladores é de os Açores gastarem o dinheiro em "subsídios eleitoreiros, sem qualquer impacto no desenvolvimento económico, social e cultural dos Açores". Tendo os Açores nove ilhas e a mesma população que a Madeira, a primeira tem 17 mil funcionários públicos. A Madeira? 35 mil, quase o dobro, para apenas duas ilhas. Nos Açores o Governo também não subsidia 34 equipas de futebol profissional, muito menos equipas de bilhar e ainda menos um pasquim gratuito de propaganda do regime.

O mais absurdo ainda, e porventura o mais repugnante é a ideia (com certeza verdadeira no fraco intelecto do Jaime Ramos) de que o progresso e o desenvolvimento são túneis, vias rápidas, entubamentos de ribeiras, delapidação dos recursos naturais e realmente tudo o que envolva betão e as máquina perfuradoras do vendedor de cifões de sanitas. A verdade é que os Açoreanos são em média pessoas mais cultas, mais educadas, com um poder de compra superior ao do Madeirense, pagam menos impostos, são económicamente menos isolados por terem taxas portuárias 5 vezes inferiores às praticadas na Madeira e curiosamente melhores vias de comunicação. Sim, melhores vias de comunicação. Podem não ter promenades bonitas como a cota 500 nem túneis megalómanos para servir 20 pessoas, mas ao contrário da maior parte dos Madeirenses, não precisam passar por estradas completamente esburacadas para chegar a casa.

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