O Verão de 2010 fica marcado na história dos incêndios como o 3.º mais ruinoso para o património natural da ilha da Madeira desde 1974, admitiu ao DIÁRIO o director regional de Florestas. Até hoje já arderam 8.423 hectares, uma superfície quase idêntica à área de todo o concelho do Funchal e a freguesia do Caniço juntos. Ou, se preferir, perto de 8.500 campos de futebol.
A área ardida representa 11% do território da ilha da Madeira. As chamas lavraram encostas em praticamente todos os concelhos. De acordo com o levantamento realizado pela Direcção Regional de Florestas (DRF), os mais fustigados foram o Funchal - que viu 35,6% da área do concelho em chamas - e Câmara de Lobos, fustigado em 35,4% do território municipal. Ribeira Brava e Santana também viram parte substancial devastada pelo lume (vide mapa).
Rocha da Silva, recorda que o incêndio de pior memória para os madeirenses remonta a 1979, quando um fogo com várias frentes lavrou no maciço central e uniu os extremos da ilha da Madeira - de Machico a Ponta do Pargo.
Segundo o director regional de Florestas, o fogo de 1988 foi outro também nefasto para a regeneração das espécies autóctones, tendo devastado cerca de 10 mil hectares, numa altura em que, observa o responsável, os instrumentos de medição e os meios de intervenção não tinham a precisão e a eficiência dos dos nossos dias.
O incêndio que deflagrou na madrugada do dia 13 de Agosto, nas serras da Eira do Serrado e propagou-se às encostas e vales da cordilheira central, lavrando em várias frentes que se mantiveram activas ao longo de duas semanas, entre o Pico Ruivo e a Encumeada, é considerado o 3.º mais negro da história dos incêndios florestais na ilha da Madeira, desde 1974.
2500 hectares de urzal queimado
Analisando a flora, o director regional de Florestas identifica 2.500 hectares de urzal da bacia do Curral das Freiras (28% da área total ardida), considerando este o grande prejuízo ambiental dos incêndios.
As chamas lavraram as encostas de urzes do Curral das Freiras, Jardim da Serra, Pico Ruivo, Achada do Teixeira e as manchas em direcção ao Pico Canário (São Jorge) que faz partilha com a Torrinha (Boaventura) e os Pico Jorge e Pico Ferreira (cabeceira do vale de São Vicente).
Aquela vegetação de altitude desempenha um papel importante na protecção dos solos e no equilíbrio do ecossistema da Floresta Laurissilva. Sob as urzes ficam retidas as gotículas de água através da chamada precipitação oculta dos nevoeiros.
"O incêndio interrompeu este último ciclo de regeneração e agora inicia-se um outro, porque a floresta nunca acaba", tranquiliza Rocha da Silva.
Logo após as primeiras chuvas, a DRF vai iniciar a fase de sementeira de urzal. Milhões de sementes do viveiro serão lançadas à terra para voltar a cobrir as zonas queimadas. "Esperamos uma reacção forte e acreditamos que dentro de três meses vai estar verde", assegura.
3 a 5 milhões para a reflorestação
A Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais prevê gastar entre 3 a 5 milhões de euros na reflorestação. As espécies invasoras como o eucalipto e os arbustos "oriundos de ecossistemas de fogo" como a carqueja ou a giesta irão renovar-se naturalmente. "Não tenho dúvidas disso", aponta o engenheiro.
No montado de Santo António, na área de 300 hectares, adquirida pelo Governo Regional, serão reintroduzidas as chamadas "espécies pioneiras" como o pinheiro, cujos resultados serão visíveis ao fim de cinco anos. "Temos de intervir primeiro do que as espécies invasoras", defende Rocha da Silva.
O processo de arborização está já "em fase avançada" e dando "sinais positivos" numa outra área, de 400 hectares, também no 'tampão verde'. A área reflorestada está a ser regada através de camiões cisterna que abastecem em três reservatórios de água que foram poupados pelo temporal de Fevereiro.
Nas áreas já cobertas por vegetação, e "onde é humanamente possível intervir", serão plantada espécies indígenas como loureiros, adernos, cedros, perados, tis. Aos poucos, serão saradas as 'feridas' da Floresta Laurissilva.
Fonte:http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/226021/madeira/226067-area-ardida-equivale-a-8500-campos-de-futebol
A área ardida representa 11% do território da ilha da Madeira. As chamas lavraram encostas em praticamente todos os concelhos. De acordo com o levantamento realizado pela Direcção Regional de Florestas (DRF), os mais fustigados foram o Funchal - que viu 35,6% da área do concelho em chamas - e Câmara de Lobos, fustigado em 35,4% do território municipal. Ribeira Brava e Santana também viram parte substancial devastada pelo lume (vide mapa).
Rocha da Silva, recorda que o incêndio de pior memória para os madeirenses remonta a 1979, quando um fogo com várias frentes lavrou no maciço central e uniu os extremos da ilha da Madeira - de Machico a Ponta do Pargo.
Segundo o director regional de Florestas, o fogo de 1988 foi outro também nefasto para a regeneração das espécies autóctones, tendo devastado cerca de 10 mil hectares, numa altura em que, observa o responsável, os instrumentos de medição e os meios de intervenção não tinham a precisão e a eficiência dos dos nossos dias.
O incêndio que deflagrou na madrugada do dia 13 de Agosto, nas serras da Eira do Serrado e propagou-se às encostas e vales da cordilheira central, lavrando em várias frentes que se mantiveram activas ao longo de duas semanas, entre o Pico Ruivo e a Encumeada, é considerado o 3.º mais negro da história dos incêndios florestais na ilha da Madeira, desde 1974.
2500 hectares de urzal queimado
Analisando a flora, o director regional de Florestas identifica 2.500 hectares de urzal da bacia do Curral das Freiras (28% da área total ardida), considerando este o grande prejuízo ambiental dos incêndios.
As chamas lavraram as encostas de urzes do Curral das Freiras, Jardim da Serra, Pico Ruivo, Achada do Teixeira e as manchas em direcção ao Pico Canário (São Jorge) que faz partilha com a Torrinha (Boaventura) e os Pico Jorge e Pico Ferreira (cabeceira do vale de São Vicente).
Aquela vegetação de altitude desempenha um papel importante na protecção dos solos e no equilíbrio do ecossistema da Floresta Laurissilva. Sob as urzes ficam retidas as gotículas de água através da chamada precipitação oculta dos nevoeiros.
"O incêndio interrompeu este último ciclo de regeneração e agora inicia-se um outro, porque a floresta nunca acaba", tranquiliza Rocha da Silva.
Logo após as primeiras chuvas, a DRF vai iniciar a fase de sementeira de urzal. Milhões de sementes do viveiro serão lançadas à terra para voltar a cobrir as zonas queimadas. "Esperamos uma reacção forte e acreditamos que dentro de três meses vai estar verde", assegura.
3 a 5 milhões para a reflorestação
A Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais prevê gastar entre 3 a 5 milhões de euros na reflorestação. As espécies invasoras como o eucalipto e os arbustos "oriundos de ecossistemas de fogo" como a carqueja ou a giesta irão renovar-se naturalmente. "Não tenho dúvidas disso", aponta o engenheiro.
No montado de Santo António, na área de 300 hectares, adquirida pelo Governo Regional, serão reintroduzidas as chamadas "espécies pioneiras" como o pinheiro, cujos resultados serão visíveis ao fim de cinco anos. "Temos de intervir primeiro do que as espécies invasoras", defende Rocha da Silva.
O processo de arborização está já "em fase avançada" e dando "sinais positivos" numa outra área, de 400 hectares, também no 'tampão verde'. A área reflorestada está a ser regada através de camiões cisterna que abastecem em três reservatórios de água que foram poupados pelo temporal de Fevereiro.
Nas áreas já cobertas por vegetação, e "onde é humanamente possível intervir", serão plantada espécies indígenas como loureiros, adernos, cedros, perados, tis. Aos poucos, serão saradas as 'feridas' da Floresta Laurissilva.
Fonte:http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/226021/madeira/226067-area-ardida-equivale-a-8500-campos-de-futebol
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