quinta-feira, 17 de junho de 2010

Recomenda -se uma leitura "Após a visita de Bento XVI"



















Passadas as emoções legítimas, vividas durante a visita oficial a Portugal de Sua Santidade o Papa Bento XVI, sobretudo na qualidade de Peregrino de Fátima, oferecem-se algumas reflexões.
Destaque para as centenas de milhar de Portugueses que mobilizou em cada um dos vários dias.
Destaque para a adesão de uma grande percentagem da Juventude portuguesa.
Destaque para os milhões que O seguiram nas televisões e nas rádios, muitos por Fé, todos com particular atenção às posições do Sumo Pontífice da Igreja Católica.
Destaque para o falhanço das campanhas de semanas seguidas, antes da visita do Papa, numa tentativa da habitual «formiga branca» para estragar as jornadas que acabaram por se viver, miseravelmente usando o método baixo de confundir a árvore e a floresta. O que também já é habitual em relação a outros sectores e situações...
Destaque para a vivência efectiva e sólida das Liberdades democráticas, todos podendo exprimir opinião sobre esta visita.
Sobretudo, destaque para a reafirmação das posições legítimas da Igreja Católica sobre o casamento homossexual, sobre o aborto, sobre a injustiça social e os vícios de certo capitalismo, sobre o encarar da sociedade não apenas numa óptica economicista, sobre o imperativo do testemunho cristão por parte de todos que o são.
Posições reavivadas, sem ter sido necessário apontar um dedo acusador a quem quer que fosse, expressão assim de Caridade e de Tolerância.
Agora, cabe à Igreja Católica em Portugal, no seu todo, dar sequência aos sentimentos que Bento XVI avivou com intensidade.
Há que compreender melhor este Povo português.
Constatou-se que a atitude religiosa, independentemente da variedade de Credos ou da percentagem de respectiva prática regular, existe na alma de uma maioria esmagadora de Portugueses.
Constatou-se o que, para esta maioria, representam as posições do Papa, ainda que por cada um lidas de maneiras não coincidentes, porém tendencialmente convergentes.
Provou-se que a Fé existe no íntimo de uma grande maioria do Povo português. E as formas diversificadas com que tratada pela Razão, até são temas de importantes Trabalhos do filósofo e teólogo Joseph Ratzinger.
Mais. Provou-se que os Valores fundamentais que desenham a Cultura nacional e a maneira portuguesa de estar na vida e no mundo, permanecem bem sólidas e actuais. Intrínsecos à grande maioria dos Portugueses.
Ora, porque o momento actual, post-visita do Papa, também deve ser de reflexão consequente, não apenas religiosa, cabe perguntar e desafiar.
Como, apesar de todas as evidências demonstradas, foi possível atingir o estado a que o País chegou?!...
Como foi possível, tentar passar ao longo de tanto tempo, uma imagem tão distorcida da Juventude portuguesa?!...
Como, apesar de tais Valores e de tanta assumpção pessoal de Fé, os Portugueses deixaram Portugal estar assim?!...
Não se trata de misturar Igreja e Estado. A separação e o mútuo respeito de Direitos e Deveres, é Doutrina inconfundível da Igreja Católica, inerente à Dignidade da Pessoa Humana e ao correcto funcionamento do instrumento fundamental de organização político-social que é o Estado democrático.
Aliás, estou de acordo que há certos sectores não católicos ou não praticantes, ou até agnósticos ou ateus, que pretendem, tanto à «esquerda», como à «direita», instrumentalizar a Igreja Católica e outras Confissões, para os respectivos objectivos políticos.
Não é disto que se trata.
Trata-se, sim, de questionar a razão do porquê de estes Valores cristãos, indesmentivelmente dominantes na grande maioria dos Portugueses, depois não se materializarem em soluções para a nossa vida colectiva.
No rescaldo da visita do Papa Bento XVI, impõe-se reflectir sobre tudo isto.
Mas, nos mais diversos sectores da vida portuguesa e sem cair no radicalismo diatómico «filhos da luz» e «filhos das trevas», não haverá uma certa falta ou falha de liderança e de testemunho?...

Artigo de Opinião de : Alberto João Jardim

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